Quando fundaram a cidade em meados do século XIX, os britânicos deram-lhe o nome de Kuala Lumpur, "esteiro lamacento" em malaio. Uma opção compreensível quando se olha para as águas turvas dos rios Gombak e Klang, que confluem na praça da Independência, Mederka Square. Mas longe vão os tempos em que a capital da Malásia era uma pequena cidade mineira. Hoje é sinónimo de modernidade, bem simbolizada nas torres Petronas, um dos mais altos edifícios do mundo. Essa modernidade foi uma das razões que levou a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento a escolher esta cidade asiática para a entrega do seu prémio de arquitectura 2007.."Nos primeiros anos escolhíamos monumentos históricos da arquitectura islâmica. Mas o século XXI é o das cidades", disse Farrokh Derakhshani. O director do Prémio de Arquitectura Aga Khan acredita que, ao escolher Kuala Lumpur para este evento, a Rede está a "celebrar a vida". Criado em 1977 pelo Aga Khan, o príncipe Karim al-Hussayni, este prémio no valor de 500 mil dólares é atribuído de três em três anos, após uma rigorosa selecção entre centenas de projectos apresentados. No ano em que comemora o 50.º aniversário da subida ao trono, o Aga Khan IV, 49.º imã dos ismaelitas (uma comunidade muçulmana minoritária no ramo xiita) escolheu as torres Petronas para entregar o prémio aos projectos vencedores..Criado para recompensar projectos concebidos para a comunidade islâmica ou por ela usados, este prémio "realça a ponte entre a modernidade da cultura islâmica e a aproximação a outras inspirações arquitectónicas", explicou ao DN Vitalino Canas, consultor jurídico da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento em Portugal e responsável pela sua ligação ao Governo. .E que cidade melhor para o receber do que Kuala Lumpur. Com 1,4 milhões de habitantes, a capital da Malásia é o espelho da diversidade étnica e religiosa de um país que comemora este ano meio século de independência. Malaios, chineses e indianos convivem num ambiente caótico em que alguns edifícios coloniais tentam sobreviver entre o betão e o vidro dos arranha-céus modernos. E em que templos indianos e chineses convivem com mesquitas, como a Masjid Negara e o seu telhado azul em forma de chapéu de chuva..Se dúvidas restarem de que Kuala Lumpur é o local ideal para receber um "prémio que procura realçar a arquitectura cosmopolita", como disse Vitalino Canas, basta olhar mais uma vez para as torres Petronas que, com a sua mistura de estilo islâmico e tecnologia de ponta, dominam o horizonte da cidade.| O DN viajou a convite da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento