Kimi Räikkönen, o campeão 'acidental', parte na primeira linha
Kimi Räikkönen viu o título de 2007 cair-lhe, literalmente, nas mãos na última corrida da época passada, beneficiando do 'hara-kiri' da McLaren, onde Lewis Hamilton e Fernando Alonso conseguiram anular-se mutuamente até à meta final. Agora, em 2008, o controverso finlandês parte mais favorito do que nunca. O seu Ferrari parece estar um degrau acima do McLaren-Mercedes, onde a luta fratricida do ano passado promoveu Lewis Hamilton ao papel principal. O primeiro piloto negro da F1, o novato que entrou com estrondo no pelotão em 2007, surge, à partida, como o grande rival de Räikkönen na corrida ao título. Fernando Alonso, que Hamilton "empurrou" de volta para a Renault, parte mais atrasado e com árdua tarefa pela frente para entrar nas contas decisivas desta edição 2008 do Mundial de Fórmula 1 , que começa hoje, com os treinos livres do Grande Prémio da Áustrália (que se corre domingo, em Melbourne, às 4.30 de Portugal continental).
E é precisamente em Alonso, e no reeditar da sua parceria com o director Flavio Briatore na Renault, que recaem grande parte das expectativas da temporada. O espanhol deixou um carro campeão em 2006 e reencontrou agora a Renault na sombra fria do meio do pelotão, distante das luzes da frente. Tido como o melhor piloto no trabalho de desenvolvimento do carro - na linha dos grandes da história, como Schumacher, Senna ou Prost -, da capacidade de Alonso em devolver poder competitivo à Renault depende boa parte da emoção competitiva da época. Os primeiros testes ao novo R28 não foram muito animadores para o piloto espanhol. Para já, a escuderia francesa vai estrear um inovador alerón traseiro em forma de 'w', na Austrália, para tentar encurtar o caminho.
Na McLaren, este é um ano para lamber feridas, depois da época desastrosa em 2007, que valeu a maior multa (100 milhões de dólares, cerca de 65 milhões de euros) da história da F1, devido ao caso de espionagem sobre a Ferrari, a desclassificação do Mundial de construtores e, por fim, a perda do título de pilotos. Ron Dennis é um director em xeque e Lewis Hamilton tem de provar em pista, com o título, que a sua prevalência sobre Alonso foi a decisão correcta para a escuderia.
Para Kimi Räikkönen, na Ferrari, o principal obstáculo pode bem até ser ele próprio. O finlandês, tantas vezes traído pela irregularidade e tiques de personalidade no pasado (é famosa a faceta de excêntrico e boémio fora das pistas), terá de saber lidar com a pressão das luzes apontadas para si. E mostrar-se mais fiável que o colega de equipa Felipe Massa, que espreita a oportunidade para lançar um piscar de olho sobre o título.
Na segunda linha do pelotão, além da Renault, podem surgir Williams, BMW, Red Bull e Toyota. A incógnita é a Honda, que agora conta com a colaboração de Ross Brawn, antigo director técnico da Ferrari, numa época em que a grelha anuncia ainda uma nova geração de pilotos: os 'rookies' Nelson Piquet Jr. (Renault) e Sébastien Bourdais (Toro Rosso) juntam-se a outros "jovens lobos" como Sebastian Vettel (Toro Rosso), Robert Kubica (BMW Sauber), Nico Rosberg e Kazuki Nakajima (Williams), Timo Glock (Toyota) ou Adrian Sutil (Force India).|
Especial Fórmula 1
91 vitórias conseguiu Michael Schumacher, o recordista de triunfos em GP e de títulos mundiais (sete)
250 Grandes Prémios totaliza Rubens Barrichello, o piloto em actividade (na Honda) com mais corridas na F1
O favorito. Em 2007, Kimi Räikkönen festejou o título contra todas as expectivas, mas agora parte como principal candidato à vitória. O finlandês quer repetir os títulos de construtores e pilotos, mas não assume o favoritismo: "Espero que corra tudo bem, mas há duas equipas principais, Ferrari e McLaren", afirmou. Se reeditar o triunfo individual, igualará o compatriota Mika Hakkinen, bicampeão em 1998 e 1999.
O ano da confirmação? No ano passado, Lewis Hamilton fez história: foi o primeiro negro de sempre na Fórmula 1 e conseguiu o melhor registo de um rookie. A desilusão surgiu na última corrida, com a perda do título. Contudo, este ano, com mais experiência e com o estatuto garantido de número 1 da McLaren, será que Hamilton vai confirmar o talento?
O regressado. Ano novo significou vida nova para Fernando Alonso. O espanhol regressou à Renault, pela qual foi bicampeão em 2005 e 2006, e espera voltar a sorrir. Ainda não é certo que o novo R28 lhe dê garantias de lutar pelo título, mas com estatuto de líder da equipa, com a sua garra, e com o novo aileron em W no seu monolugar, Alonso quer regressar às vitórias.