Juventudes Partidárias não são centros de emprego!
Os jovens são o futuro de qualquer Estado de Direito que pugne pela prosperidade, atualidade e mudança. São estes os grandes shappers e lapidadores de uma democracia melhor, afastada do pensamento congelado e "velho".
As juventudes partidárias cultivam nos seus jovens, responsabilidade cívica, preocupação com o próximo, isto é, juntamente com todas as causas ambientais, sociais que necessitem de um cuidado atento e próximo. Os militantes que se desenvolvem e estruturam-se humanamente, fazem parte dos notáveis quadros políticos para liderar o nosso país. Têm uma grande capacidade de análise e visão do mundo, não se limitam a ter um olhar míope, mas sim, largo e extensivo para todo o mundo.
Existe um legado herdado pelos nossos antepassados que cabe aos jovens honrar com um enorme sentido de responsabilidade, por forma a ser possível moldar e transformar a nossa sociedade num sítio melhor.
As organizações político partidárias juvenis não podem ser vistas como centros de emprego, em que os jovens somente para lá vão para arranjar um tacho ou para se encostarem à box. O centro do IEFP é noutro sítio! E tem de ser esta mensagem reiterada que deve ser promovida e pulverizada. Não digo que não existam pessoas que se inscrevem para isso, não obstante acredito no valor destas juventudes partidárias e como tal, a meu ver todos essas pessoas oportunistas e sanguessugas devem ser identificadas, não deixando que delapidem a imagem do património político destas instituições fundamentais e alicerces da conceção da democracia.
A maior parte dos jovens que dão entrada nas juventudes partidárias fazem-no com o sentido de completar uma missão pública, tornar o mundo num local com políticas diferentes, vistas e analisadas de outro prisma, projetando-se assim uma fonte de energia inconformista, caracterizadora da criação de um eixo identitário da própria pessoa e progressista.
Nestas organizações morfológicas, podemos observar a criação de iniciativas, debates que promovem a democracia e o pensamento "out of the box", bem como, o desenvolvimento de projetos que posteriormente são apresentados aos partidos mãe e implementados na nossa sociedade, deixando sem dúvida marcas importantíssimas.
Atualmente, as empresas ao analisar o currículo de um jovem licenciado ou não licenciado, verificam quais as notas do dito aluno, porém, observam à lupa todo o seu percurso de vida edificado até então. Durante toda essa viagem, os recrutares procuram igualmente todas as softskils adquiridas e quais, nomeadamente valorizam os voluntariados efetuados, o domínio das línguas, a capacidade oral, assim como as causas que estes perseguem e acreditam, uma vez que, qualquer empregador procura proatividade, dinamismo, uma visão futurista. Reunidos todos estes elementos teremos a formação de um modelo-jovem capaz de enfrentar os problemas do amanhã.
É inegável o estigma existente na bolha das juventudes partidárias, em que os que dela fazem parte muitas vezes são intitulados de carreiristas, acéfalos, entre outros nomes "feios" e pouco elegantes.
Cabe através da "chapada de luva branca", demonstrar que não é disso que faz parte a identidade e personalidade de uma organização desta natureza, que procura incansavelmente a mudança em plena comunhão com todos os cidadãos da nossa comunidade, uma vez que a única forma de conhecermos os problemas da nossa sociedade é estando inseridos nela e praticarmos sempre uma política de proximidade, desde logo nas freguesias, municípios.
Toda esta cultura de aprendizagem cívica diária, torna os jovens em pessoas mais humanistas, mais versáteis e mais profissionais no sentido da procura de soluções de problemas prementes que gritam de forma ensurdecedora por auxílio.
Permitam-me tocar num último ponto que considero de modo igual expressivo, que consiste na política inexistente a olho nu do combate à abstenção.
Esta problemática assusta qualquer democrata, uma vez que a taxa de abstenção jovem encontra-se bastante elevada, face ao descrédito do sistema político, bem como derivado à falta de interesse dos jovens eleitores, estando este cada vez menos envolvidos na política. Um estudo elaborado pela presidência da república em 2015, conclui que 57% dos jovens não se interessam pela política. Já uma sondagem arquitetada pelo ISCTE/ICS relativa aos meses de novembro e dezembro de 2020, revelam resultados idênticos, 35% dos inquiridos na faixa etária dos 18 aos 24 anos afirmaram que não pretendiam votar e 18% responderam que ainda não sabiam em quem votar. Estes estudos somente confirmam que a fauna diversificada de eleitorado jovem se encontra a deambular no "talvez", no "não sei" ou simplesmente no "eu não quero saber". Existem mecanismos para que esta senda seja combatida, nomeadamente aproximar os eleitores do eleitorado, combater a iliteracia política, através de formação política nas escolas, não doutrinando, mas cultivando sapiência, elucidando a história, qual a bandeira, ideologia, causas que cada partido tem inscrito no seu ADN, para que cada jovem pudesse livremente edificar a sua identidade política. É essencial ser desenhada uma bissetriz que conecte os jovens ao interesse pela causa público, podendo ser a meu ver a promoção e formação política sem patrocinar nenhum partido, como supra ilustrado, tornando-se um meio para atingir um fim de expurgo da abstenção. Poderiam ser criados igualmente clubes de debates para que os alunos pudessem de forma arbitra esgrimir os assuntos políticos da atualidade nacional e internacional, sem limitações, nem condicionamentos, pois este tipo de iniciativas iriam fomentar desenvolvimento pessoal, skills de oratória e até capacidades politicas, uma vez que os mais curiosos iam pesquisar mais aprofundadamente sobre os temas que banham o nosso Estado de Direito e pensar criticamente acerca dos mesmos, identificando os problemas e construindo posteriormente soluções fora da caixa.
Porém, ainda é necessário enfrentar esta temática e sublinho a importância da criação e desenvolvimento de projetos cívicos e totalmente apartidários que visam ajudar àqueles que olham para a política com desatenção, terem a oportunidade, através de um vocabulário mais perceptível e menos solene, compreender as ideologias que marcam as diferentes cores partidárias. Estes projetos são nomeadamente, "Os 230" e o "Eu voto".
A meu ver, o maior lance de afastamento dos jovens, mas também dos adultos da política, cinge-se ao facto da insatisfação dos políticos no seu todo, em que segundo um inquérito revelado pelo parlamento europeu, este revela e aponta para uma taxa de abstenção de 68,6% face ao que fora anteriormente exposto.
Interessa por último, enfatizar que são muitas vezes as juventudes partidárias a ponte entre a população face à sua maior comunhão com a população em geral e os partidos, sendo ainda os grandes arquitetos de medidas estruturais de renovação política.
Diretor de Due Diligence & Compliance