Julian Assange apresenta sintomas de "tortura psicológica"

"A perseguição coletiva de Julian Assange deve terminar agora!", pediu Nils Melzer, o especialista independente da ONU que visitou o fundador da WikiLeaks.
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Um especialista independente da ONU que visitou o fundador do WikiLeaks na prisão alertou esta sexta-feira que Julian Assange apresenta "todos os sintomas (da) tortura psicológica" a que foi exposto "durante vários anos".

"A perseguição coletiva de Julian Assange deve terminar agora!", pediu Nils Melzer, relator da ONU para a tortura e professor de direito internacional, em comunicado.

Desde a divulgação de documentos confidenciais sobre as forças dos EUA pelo WikiLeaks em 2010, que "tem havido uma campanha implacável e desenfreada de intimidação e difamação contra Assange, não só nos Estados Unidos, mas também no Reino Unido, Suécia e, mais recentemente, no Equador", lamentou Melzer.

O relator da ONU visitou Assange a 9 de maio acompanhado por dois médicos especializados no exame de vítimas de tortura.

Após um "exame médico aprofundado" dos médicos especialistas, Melzer considerou "evidente que a saúde de Assange foi seriamente afetada pelo ambiente hostil a que esteve exposto durante vários anos".

"Além de doenças físicas, Assange tem todos os sintomas típicos de exposição prolongada a tortura psicológica, ansiedade crónica e trauma psicológico intenso", indicou o relator da ONU acrescentando que "as evidências são esmagadoras e claras".

"Assange foi deliberadamente exposto, durante vários anos, a formas severas de tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante, cujos efeitos cumulativos só podem ser descritos como tortura psicológica", reforçou.

Aliás, o estado de saúde de Julian Assange impossibilitou-o de participar, nesta quinta-feira, numa audiência por videoconferência em Londres. A revelação foi feita pelo advogado do australiano, depois da WikiLeaks ter manifestado "preocupações graves" sobre a saúde do seu fundador e ter sido divulgado que tinha sido transferido para a enfermaria da prisão onde está a cumprir pena.

"Durante as sete semanas em Belmarsh [ptisão], a sua saúde continuou a deteriorar-se e ele perdeu peso de forma drástica", diz o comunicado da WikiLeaks. "A decisão das autoridades penitenciárias de transferi-lo para a ala da saúde fala por si".

Refugiado por quase sete anos na embaixada do Equador em Londres, Julian Assange, de 47 anos, foi entregue a 11 de abril às autoridades britânicas, que o julgaram e sentenciaram a 50 semanas de prisão, a 1 de maio, pela violação das condições da sua libertação condicional.

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