Judiciária aperta cerco a vizinhos de Malinka

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"Boa Tarde! Sou da Polícia Judiciária. Onde é que a senhora estava no dia 3 de Maio?" Foi desta forma que uma inspectora abordou, na quarta--feira, Piedade Lopes, de 72 anos, vizinha do russo Sergey Malinka, testemunha no processo do desaparecimento de Madeleine McCann. A senhora nem queria acreditar no que ouvia: "Parece impossível que só passados 26 dias do rapto, a Judiciária tenha vindo fazer perguntas."

Mais espantada ficou a senhora quando a inspectora lhe perguntou com quem vivia. Piedade Lopes esclareceu: "vivo sozinha com a minha cadela e o meu gato".

Piedade Lopes diz que estava à espera que a polícia tivesse abordado as pessoas logo no início do caso. "Agora é que vêm fazer perguntas? Acha que a menina está por aqui?", perguntou Piedade Lopes, ao mesmo tempo que dava o seu número de telemóvel à inspectora, garantindo que "estava a trabalhar" quando Maddie desapareceu. Perante a reacção, a inspectora limitou-se a encolher os ombros, voltar costas e bater à porta do apartamento do lado.

A PJ escolheu a tarde de quarta--feira para questionar moradores da zona envolvente ao prédio do russo. Muitos ficaram de fora deste inquérito, como Jerónimo Veiga, que vive no prédio de Malinka e faz questão de defender a família do jovem. "Sergey é uma vítima por ser estrangeiro. Arderam carros nesta zona, apontaram-lhe logo o dedo, assaltaram uma casa, acusaram-no de ser o autor. Ele é sempre o suspeito. Será por ser estrangeiro?", questionou, frisando que a família "é pacata e trabalhadora e o jovem nunca se meteu em problemas". Jerónimo Veiga afiança que se houver julgamento ou o russo quiser mover um processo contra o Estado, não hesitará em ser sua testemunha.

A relação entre Malinka e Robert Murat, único arguido do processo, não se resumirá, contudo, a um serviço profissional de informática prestado pelo russo ao luso-britânico. O apartamento de Lagos, onde era visto assiduamente Murat e a sua sócia da empresa Romigen, era ainda frequentado pelo russo e por uma cidadã alemã. Um facto que desmente as declarações de Malinka. |

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