JP Morgan explica venda de 'swaps' de mais de 300 milhões
A audição de Enrique Casanueva, gerente da representação do banco em Portugal, e de Alberto Barbarisi, responsável pelo departamento de vendas e marketing para o Sul da Europa, arranca pelas 16:00, na Assembleia da República, em Lisboa.
Segundo os documentos enviados à comissão de inquérito, a que a Lusa teve acesso, em junho foram fechados os 13 contratos existentes entre o JP Morgan e quatro empresas públicas. Para cancelar as operações entre o banco norte-americano e a Metro de Lisboa (9), a EGREP (1), a Metro do Porto (1) e a Refer (2), as empresas pagaram 303,5 milhões de euros, quando as perdas potenciais atingiam os 487,1 milhões de euros, num desconto de 37,7%.
Este banco foi um dos mais relutantes em negociar o fecho de contratos com o Estado, o que levou o Governo em abril a ameaçar recorrer aos tribunais.
O desfecho positivo das negociações em junho, na mesma semana em que se soube que o JP Morgan tinha sido escolhido para assessorar a privatização dos CTT - Correio de Portugal (juntamente com a Caixa - Banco de Investimento), lançou a suspeita de que os dois assuntos estariam relacionados.
O primeiro-ministro, Passos Coelho, negou então qualquer relação, afirmando que a assessoria da operação de privatização dos CTT foi atribuída à JP Morgan porque este fez a "proposta mais vantajosa" financeiramente.
A audição dos responsáveis de derivados de bancos internacionais está dependente da boa vontade destes, já que não estão sob jurisdição portuguesa, pelo que não podem ser notificados a depor.
Até ao momento, já foram inquiridos responsáveis dos Deutsche Bank, Barclays, BNP Paribas e Société Générale.
O relatório do IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública sobre os 'swaps' contratados por empresas públicas estimou que, no final de 2012, as perdas potenciais destas operações ultrapassavam os 3.000 milhões de euros.
Até ao momento, as empresas públicas pagaram 1.008 milhões de euros para anular 69 contratos com nove bancos, com perdas potenciais de 1.500 milhões de euros. Sobram ainda cerca de 1.500 milhões de euros em perdas potenciais, a maior parte das quais com contratos com o Santander Totta, com o qual ainda não foi possível qualquer entendimento.