Jovens usam as artes como instrumento para a paz

Cansados de uma guerra civil que dura há quase cinco anos, apelam ao fim do conflito que causou já milhares de mortos.
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Ativistas do Sudão do Sul estão a recorrer à música, ao teatro, à poesia, ao humor, à dança e à moda para veicular um ideal de tolerância naquela que é a mais recente nação no mundo e que, pouco após a independência, se viu envolvida numa guerra civil que prossegue ainda.

O Sudão do Sul alcançou a independência do Sudão em 2011, mas logo dois anos depois começou a guerra civil, quando o presidente Salva Kiir afastou o vice-presidente Riek Machar, dando início a um conflito em que se enfrentam fações armadas divididas por clivagens étnicas.

Apoiantes de ambas as partes - muitos vivem fora do país por causa da guerra - levaram o conflito para a internet, recorrendo ao Facebook e ao Twitter para se atacarem entre si com mensagens que não passam, por vezes, de exemplos de discurso de ódio.

É aqui que surge o Ana Taban, que significa em árabe "estou cansado". Ana Taban é o nome de um grupo de jovens músicos, estilistas e poetas que estão a utilizar as artes e outras formas de cultura como ferramentas para exigirem a paz no seu país. "Espero que as instituições possam servir melhor as pessoas, haja mais oportunidades para os jovens, que o país seja um lugar onde eu não tenha de ser de uma tribo específica", diz Ayak Chol Deng, de 31 anos, epidemiologista e também poeta, um dos fundadores do grupo que surgiu há um ano.

O grupo realiza regularmente espetáculos ao ar livre nos arredores da capital, Juba, e noutras cidades apelando à pacificação do país. O intuito é sensibilizar os seus compatriotas para a necessidade de uma solução não violenta para o conflito que já custou milhares e milhares de vidas. Meen Mabior Meen, de 30 anos, músico rap e outro fundador do Ana Taban, afirma que este é uma plataforma para a juventude abordar as questões que podem mudar o país. Ele falava na sua casa em Juba, sentado ao lado do berço onde estava seu filho recém-nascido.

Um programa como este está a atrair até pessoas de fora do país para o grupo, com a etiqueta #Anataban, que procuram também desempenhar algum papel na luta pela paz. Entre eles, Abul Oyay, de 30 anos, um estudante universitário no vizinho Quénia. Mas os elementos do Ana Taban não se limitam a espetáculos. Murais vibrantes de cor, com apelos à paz, podem ser vistos em muitas paredes de Juba. "Nós estamos apostados em unir o país, unir as pessoas. Somos neutros, não temos partido", garante Jacob Bul Bior, de 28 anos, ator e radialista.

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