Jovens talentos de oito países querem levantar plateias
Susana Reis e Afonso Goes partilham a idade (14 anos), o instrumento (tocam ambos violino) e a escola, já que os dois estudam na Academia de Música de Lisboa (funciona na Secundária Marquês de Pombal), instituição organizadora do Festival. Ambos irão representar a escola no Lisbon Music Fest que, na sua segunda edição, arranca este sábado na capital.
Participam na Orquestra Os Violinhos (dia 12, Ruínas do Carmo, 21.30): "Eu vou tocar no tutti", adianta Afonso, ao passo que Susana será solista: "Vou tocar a Introdução e Tarantela, de Sarasate", diz com naturalidade. Afinal, ela já foi este ano semifinalista (Nível Médio) do Prémio Jovens Músicos. Atuaram na edição de 2015 e sobre essa experiência dizem em coro: "Foi muito giro no ano passado!"
"O Festival é sobretudo dos convidados e, para nós, é apenas mais uma apresentação dentre as que fazemos ao longo do ano letivo", explica Filipa Poêjo, responsável de Os Violinhos. E Afonso desfia: "Tocámos na Aula Magna, em Évora, no CCB, na Igreja dos Mártires..."
"E eles até usufruem mais assim: no ano passado acho que "correram as capelinhas todas" em que tocaram as outras orquestras, pelo menos em Lisboa", defende Filipa.
Para Afonso, "é engraçado conhecer outros métodos de ensino [diferente do Método Suzuki aplicado n"Os Violinhos]"; já Susana, o que mais gostou foi "ouvir orquestras só de sopros e sinfónicas [Os Violinhos só têm cordas]".
E este ano terão muito para conhecer e ouvir: 11 formações no total, entre as quais cinco orquestras com mais de cem elementos, integram a segunda edição: "A ideia de fazer isto veio de Os Violinhos terem participado em festivais deste género no estrangeiro e termos reparado que em Portugal, e em Lisboa, não havia nada de semelhante", conta Rui Fernandes, diretor artístico do Festival. "Como Lisboa é um dos destinos mais apetecíveis a nível global, nós conjugamos a oferta de concertos sempre com as melhores condições com uma visita à cidade". Logisticamente, fala de "um pequeno quebra-cabeças, porque são grupos muito grandes e só do estrangeiro são quase 600". Pico será o final de julho: "Aí há um verdadeiro engarrafamento, com 11 concertos em três dias. Vai ser alucinante", exclama, mas logo relativiza: "Não sei como vai acontecer, mas vai correr tudo bem!"
Ainda assim, afirma, "temos capacidade para e queremos receber mais orquestras no futuro", conquanto uma duração "de quatro ou cinco semanas será sempre a ideal". Aponta para um total de 25 mil espectadores, "com base na capacidade de cada espaço e na experiência de 2015". Reconhecendo a dificuldade de fazer a divulgação junto dos turistas, refere uma atenuante: "Como estaremos nalguns dos principais pontos de interesse turístico, será fácil encontrarem-nos!" Senão vejamos: Ruínas do Carmo, Museu dos Coches, CCB, Palácio da Ajuda, Fundação Gulbenkian, Palácio Foz, Museu de Arte Antiga, segundo um duplo critério: "condições de palco ótimas e locais que garantam boas audiências". Mas o Festival também vai a Peniche, Batalha, Coimbra, Évora e Elvas. Aí, "fruto de parcerias firmadas com os municípios e com o Festival das Artes de Coimbra", nota Rui. "É uma rede que pode crescer e esperamos que cresça." Num Festival em que "a componente primordial será sempre a internacional", ponto de honra é a gratuidade. "Nisso não se mexe. Nós queremos que isto seja uma verdadeira festa. E festa que se preze tem de ser de acesso universal".
À beira do início da segunda edição, Rui salienta "os programas superaliciantes por orquestras de nível profissional, com o suplemento de entusiasmo, entrega, energia, irreverência e excitação que os jovens conseguem dar e que - acredita - fará levantar as plateias".