Jovens delinquentes estão "mais desordeiros"
Centros educativos. Técnicos reclamam mais segurança e mais centros
Cerca de cinco dezenas de funcionários juntaram--se em protesto
"Se te matar fico aqui só até aos 21 anos e depois vou para casa." A ameaça de um jovem delinquente é repetida por um Técnico Profissional de Reinserção Social (TPRS), revelando assim o sentimento de insegurança que dizem viver nos centros educativos. Para alguns destes profissionais, que ontem se reuniram em protesto junto à presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa, os jovens sentem que não são penalizados, independentemente do crime que cometerem.
O protesto de ontem juntou cerca de cinco dezenas de um total de 158 de funcionários, após as duas vigílias de segunda-feira, em frente aos centros educativos da Bela Vista (Lisboa) e dos Olivais (Coimbra). Estes queixam-se de falta de segurança e de condições de trabalho, que ganharam visibilidade com os recentes conflitos que envolveram jovens destes centros e profissionais.
Estes casos de conflito e a falta de solidariedade por parte das instâncias superiores levam um funcionário, que prefere o anonimato com medo de represálias, a admitir que "a motivação não é a melhor".
Outros problemas apontados pelos funcionários são a sobrelotação dos seis centros (os outros seis fecharam no ano passado), a falta de formação em defesa pessoal e a falta de pessoal. A Lei Tutelar Educativa que regula o sector é também alvo de duras críticas. "A lei não acompanha a evolução criminal destes jovens e não temos formação específica para lidar com eles", aponta um dos manifestantes. Uma situação que se agrava porque "os miúdos estão cada vez mais desordeiros", acrescenta.
As situações de violência são aquelas que mais indignação provocam entre os manifestantes. "Há dias, uma monitora levou com uma porta e não aconteceu nada ao miúdo", conta um dos funcionários. "Já só falta morrer um funcionário em serviço", aponta Paulo Taborda, da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública (FNSFP), que organizou o protesto.
Também a Direcção-Geral da Reinserção Social (DGRS) é criticada. "Alguns colegas estão a sofrer represálias", apontam. Segundo alguns manifestantes, "as ordens são de não falar sobre a situação".