Jovens ativistas alemães fazem greve da fome pelo clima

Os jovens estão reunidos em Berlim, onde montaram tendas e protestam por medidas governamentais para combater as alterações climáticas.
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Desde o final de agosto que seis jovens ativistas, com idades compreendidas entre os 18 e os 27 anos, montaram tendas perto de Reichstag, em Berlim, em protesto de greve de fome pelo clima.

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Após mais de duas semanas, alguns aparentam estar pálidos e inclusive um dos ativistas desmaiou esta terça-feira. Outro desfez-se em lágrimas enquanto os médicos faziam a verificação diária do seu peso e pressão sanguínea.

Os ativistas ainda não conseguiram atingir o seu principal objetivo: uma reunião com os três principais candidatos que disputam a substituição de Angela Merkel como chanceler nas eleições da Alemanha a 26 de setembro.

"A crise climática mata. Estamos em greve de fome por um período de tempo ilimitado", dizem numa faixa em letras grandes e vermelhas.

Os ativistas pretendem encontrar-se com o conservador Armin Laschet, o social-democrata Olaf Scholz e a Annalena Baerbock dos Verdes.

Os três partidos fizeram da política climática uma questão chave na sua campanha, e os Verdes comprometeram-se a fazer da neutralidade climática a principal prioridade do próximo governo. No entanto, os ativistas afirmam que não é suficiente.

Para Jacob Heinze, nenhum dos principais partidos está preparado "para tomar as medidas necessárias para nos proteger, a geração mais jovem, da catástrofe" que se está a desencadear.

Os ativistas querem que o próximo governo alemão crie um comité de cidadãos, representando toda a sociedade, para desenvolver medidas de proteção do ambiente.

A greve de fome é o "último recurso face à extrema gravidade da nossa situação", diz um jovem de 27 anos à AFP. Poucas horas depois, foi levado para o hospital local por ter desmaiado.

"Estamos sobre uma bomba relógio", afirma Hannah Luebbert, uma ativista de 20 anos que faz parte da equipa de apoio. "Se não mudarmos as coisas rapidamente, dentro de alguns anos será tarde demais".

Como prova, segundo os ativistas, basta olhar para as inundações mortíferas que ocorreram na Alemanha em julho e que os especialistas têm diretamente ligado às alterações climáticas.

"O aquecimento global também vai trazer fome", dizem eles, daí a ideia da greve de fome voluntária.

"A segurança alimentar não é algo que possamos tomar como garantido. Estamos a caminhar para guerras sobre a distribuição de alimentos, água e terra", conclui Heinze.

Os estudantes das escolas e universidades entre os 18 e os 27 anos de toda a Alemanha acreditam que pertencem à "última geração" que ainda pode tomar medidas pelas alterações climáticas.

A investigação científica demonstrou que as consequências dramáticas do aquecimento global vão se tornar irreversíveis. Para os ativistas, os movimentos de desobediência civil como a "Rebelião da Extinção" (Extinction Rebellion) e as "Sextas-Feiras pelo Futuro" (Fridays for Future - School strike for climate) não vão suficientemente longe.

Alguns já tomaram medidas drásticas tais como escalar edifícios políticos ou acorrentar-se às ruas para bloquear o trânsito. "Mas vimos que estas formas de ação não levaram a qualquer mudança" a nível político, disse Luebbert.

Reunidos num círculo no relvado, alguns dos ativistas optaram por permanecer dentro das tendas que se tornaram as suas casas improvisadas. No 15º dia de greve, decidiram aumentar a fasquia, abdicando também das bebidas vitamínicas que bebiam.

"Estamos a reparar nas consequências da fome e na próxima semana vai ser muito difícil", diz Henning Jeschke, que publicou vários vídeos da ação no Twitter.

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A única resposta que receberam até ao momento foi um telefonema de Baerbock. "Mas mesmo com os Verdes não vamos conseguir os objetivos que temos de atingir", conclui Luebbert.

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