Jovem morre afogado na Costa de Caparica

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Jovem morre afogado na Costa de Caparica

É a primeira vítima na Costa e a segunda no País

Nuno Oliveira, de 20 anos, perdeu ontem a vida na praia da Sereia, na Costa de Caparica, em Almada. Eram 13.50 quando os bombeiros de Cacilhas retiraram o seu corpo do mar já inanimado, para depois o transportarem ao Hospital Garcia de Orta, onde deverá ser autopsiado.

É a primeira vítima de 2008 nas praias da Margem Sul, junto à capital, mas a segunda em todo o país, de acordo com os dados confirmados ao DN pelo comandante Barbosa, relações públicas da Marinha. A primeira vítima mortal foi uma jovem de 16 anos, que, na sexta-feira, ficou enrolada no mar, na Lagoa de Santo André, em Santiago do Cacém, quando as ondas registavam mais de 2,5 metros de altura.

Mas a Costa de Caparica, desde que o tempo aqueceu esta semana, já viveu alguns sobressaltos. Também ontem, na Praia Nova, duas jovens de 12 e 13 anos apanharam "um grande susto. Ficaram enroladas nos agueiros, mas foram retiradas a tempo e levadas para o hospital já fora de perigo", disse ao DN o comandante dos Bombeiros de Cacilhas, Vítor Godinho.

De acordo com o oficial de relações públicas da Marinha, desde quarta-feira que a longa extensão de areia da Costa de Caparica está a ser patrulhada por dois nadadores-salvadores voluntários, da associação Areal, em moto-quatro, e com o apoio do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), das 10.00 às 17.30. E, desde essa altura, que os jovens "não têm mãos a medir. "Com as duas situações de hoje já realizaram seis salvamentos, um deles resultou em vítima mortal", referiu.

Um número de situações que para as autoridades "é preocupante", pois revela que as pessoas continuam a frequentar as praias sem noção dos riscos. "A costa é perigosa. Tem correntes muito fortes e forma agueiros. As pessoas são enroladas e lançadas para fora. A maioria dos banhistas entra em pânico e, em vez de se deixar levar pela corrente até terra, luta contra ela, acabando por perder a força e ser arrastado pelo mar", explicou o comandante de Cacilhas.

Quem conhece bem as praias da Costa de Caparica sabe bem que é assim. Paulo Murça, um estudante de Educação Física, surfista e nadador-salvador naquela zona há quatro anos, que integra agora o projecto da Areal (Associação de Nadadores Salvadores da Costa de Caparica) e do ISN, para patrulhar voluntariamente as praias até à abertura da época balnear, a 1 de Junho, confirma: "O mar nesta altura do ano é muito perigoso na Costa e as pessoas não têm noção disso. Vão para a água e aventuram-se sem pensarem que as praias ainda não têm vigilância e que em caso de perigo o socorro é muito mais complicado".

E sublinha: "O patrulhamento que está a ser feito pelos voluntários da Areal não é suficiente. A extensão de praia é muito grande para dois voluntários. O segundo apoio só pode ser dado pelos bombeiros e pelo INEM". Mesmo assim, este é o patrulhamento de pré-época balnear possível, em anos anteriores nada existia. A Areal "está a bater-se por conseguir melhores condições para os nadadores-salvadores da Costa, já que é uma zona com um mar cada vez mais perigoso e precisa de mais segurança", explicou.

Leonel de, 33 anos, Ana e Rui Martins, são frequentadores assíduos da Caparica, sobretudo das praias da zona Sul, e são peremptórios: "São perigosas." Leonel, que ontem estava acompanhado pelo filho Henrique, de sete anos, diz mesmo: "Nesta altura é raro meter-me na água. É mesmo só à beirinha. O mar engana muito."

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