EUA. Jovem de 17 anos, que diz ser português, detido por ameaças racistas
Um adolescente de 17 anos, que a polícia apenas identificou como português, foi detido por ameaças racistas feitas através da internet em Charlottesville, Estados Unidos da América. A ameaça online de "limpeza étnica" de negros e de latinos levou a cidade do Estado da Virgínia a fechar todas as escolas públicas por dois dias na semana passada, enquanto a polícia investigava a credibilidade da mensagem. Na sexta-feira, o Departamento de Polícia de Charlottesville anunciou a detenção do jovem de 17 anos, cuja identificação não foi divulgada por ser menor.
O suspeito, que se identificou como português, de acordo com a polícia e a imprensa dos EUA, morava a cerca de 16 quilómetros de Charlottesville e não era aluno da escola secundária de Charlottesville, embora procurasse passar por estudante desse estabelecimento. Foi acusado de ameaça para cometer danos corporais graves a pessoas em propriedades escolares e ainda por assédio por computador. A primeira acusação é punível até cinco anos de prisão e multa até 2500 dólares. A segunda é uma infração, punível com uma multa até 1000 dólares.
A polícia não divulgou o nome do suspeito por ser um adolescente e, neste momento, é nessa condição que é acusado. Apenas foi revelado que reside em Albemarle County e não frequenta as escolas de Charlottesville.
"O ódio não é bem-vindo em Charlottesville. A violência não é bem-vinda. A intolerância não é bem-vinda", disse o chefe de polícia de Charlottesville, RaShall Brackney, em conferência de imprensa. Brackney disse que a ameaça se referia a "limpeza étnica" e que os estudantes seriam alvos selecionados com base na sua etnia.
Em resposta a uma pergunta sobre a raça do autor das ameaças, Brackney disse que o suspeito se identifica como português. Quando questionado se era cidadão americano, o chefe da polícia apenas afirmou que o departamento não leva em conta a condição de imigração das pessoas quando investiga crimes.
A Polícia de Charlottesville diz ter feito uma "investigação completa e robusta", com a cooperação do FBI e outras polícias locais, depois de ser notificada sobre um post no 4chan, um site de discussão com vários fóruns em que os autores são por regra anónimos. O referido post "continha linguagem vil e racista que visava estudantes afro-americanos e hispânicos", adiantou a polícia que chegou ao suspeito através da identificação do IP que usava.
"É preocupante que uma pessoa que não faz parte do sistema escolar de Charlottesville tenha feito uma ameaça com tanto ódio e tão divisiva, sob o pretexto de ser estudante da Charlottesville High School", disse a superintendente da polícia de Charlottesville, Rosa Atkins.
Em 2017, o Unite the Right Rally, um encontro de supremacistas brancos que terminou com uma morte e dezenas de feridos, lançou Charlottesville no centro das atenções. Betsy Roettger, uma mãe da cidade, disse à Newsweek que a recente ameaça "realmente reabre toda a angústia dos últimos dois anos". No entanto, está convencida que os sentimentos expressos na ameaça online não representam a maioria da população da cidade.
A investigação policial começou na quarta-feira, dia 20, quando o Departamento de Polícia de Charlottesville foi alertado sobre uma ameaça online contra estudantes da Charlottesville High School. A ameaça usava uma "linguagem baseada em preconceitos" que visava grupos étnicos específicos na escola secundária.
Enquanto oficiais e autoridades federais investigavam a credibilidade da ameaça, Charlottesville fechou todas as escolas públicas do distrito na quinta-feira e as manteve fechadas na sexta-feira. "Gostaríamos de condenar o fato de a ameaça ser de tom racial", disse a direção do distrito escolar. "Não toleramos ódio ou racismo. Estamos juntos e uma ameaça contra um é uma ameaça contra todos."