José Vitorino quer autarcas de borla na Camara de Faro
Sem pagar salários aos autarcas e outros encargos, pensa desta forma reduzir as despesas da câmara em cerca de um milhão de euros no próximo mandato. Essa verba será canalizada para combate a fome no concelho, atribuir subsídios de renda aos mais carenciados, bolsas de estudo e apoio ao associativismo.
Trabalhar com espírito de "missão", de "voluntariado" e "usando a expressão popular, em que "não há tachos para ninguém". Foi esta a promessa de José Vitorino, ao apresentar, hoje, a sua declaração de candidatura independente à presidência da Câmara Municipal de Faro, tendo deixado expresso que, como inovação, todos os eleitos da "Aliança Cívica-Vamos Salvar Faro, com Coração", trabalharão em regime de voluntariado, sem encargos de ordenados, nem despesas de representação. As verbas serão canalizadas para "apoio aos mais carenciados".
Em declarações ao DN, José Vitorino disse "não acreditar" que qualquer eleito de outras forças políticas na Câmara de Faro "não aceite também servir o município em espírito de missão", sem nada receber. Isto, numa altura em que, como frisou, "ninguém sabe qual é a dívida" da autarquia da capital algarvia, presidida pelo social-democrata Macário Correia.
Com base na aposta de os autarcas assumirem funções de forma gratuita, o que classificou como uma "bomba nacional" e "a alternativa de boa revolução", nas contas de José Vitorino passará a haver uma redução de "cerca de um milhão de euros" no próximo mandato ao nível de encargos na Câmara, nomeadamente de salários dos eleitos, despesas de representação e subsídios de refeição, além de descontos para a Segurança Social e ADSE. Esse dinheiro será canalizado para o "combate à fome" no concelho de Faro, onde José Vitorino estima haver mais de dez mil pessoas nessa situação, assim como para "subsídios de renda aos mais carenciados", atribuição de "Bolsa de Estudo para estudantes da Universidade do Algarve" residentes naquela cidade, "e apoio ao associativismo", incluindo instituições de solidariedade social, em geral, e juventude em particular.
"Na primeira reunião do Executivo, proporei a distribuição de pelouros e missões por todos os nove membros que compõem o executivo da Câmara. Será um pacto de lealdade institucional operacional ao serviço do Município. Nas grandes questões, procurar-se-á o máximo consenso possível. Não é tempo de jogos político-partidários. Os membros dos Executivos (Câmara e Juntas de Freguesia) propostos pela Cidadania Independente, não receberão ordenados ou despesas de representação. Não haverá assessores externos pagos. É um modelo em que aos funcionários da Câmara vai caber também um papel fundamental. Todos serão dignificados, pondo os seus saberes ao serviço dos munícipes e do Executivo, servindo com lealdade e disciplina, num serviço público inovador", garantiu José Vitorino. O executivo camarário por si liderado contará apenas com dois carros de serviço. Também ao nível das empresas municipais, acrescentou, "será posto fim aos tachos e compadrios de incompetência; e feitas parcerias que revitalizem e deem sustentabilidade ao seu funcionamento, para que prestem bons serviços públicos e garantam estabilidade aos trabalhadores".
Por outro lado, José Vitorino pretende que as verbas do programa Polis previstas para demolições sejam "reafectadas para requalificação das ilhas" na Ria Formosa, bem como para "programas de requalificação urbana associados e reabilitação, marina e porto de abrigo, na zona de Faro". Entre outras apostas, quer também avançar com a criação de um Parque Empresarial, num "processo já iniciado em 2005 e que parou", como lembrou, e negociar a "suspensão do processo que levou à implantação de cerca de mil novos parquímetros" na Baixa de Faro, além de "anular os concursos para venda do património da Câmara no Núcleo Histórico e reabrir com alienação exclusivamente para hotelaria".
"Comigo e connosco, a Câmara de Faro será amiga dos farenses e dos algarvios, porque os grandes males do Algarve contaminam Faro. Como membros dos respetivos órgãos, não seremos mais, nem capachos, nem muletas de Lisboa", frisou José Vitorino. Garante, ainda, que irá "devolver" o nome ao Teatro Municipal de Faro, "pondo fim à errada decisão de o designar por Teatro das Figuras". Já a Cegonha "voltará a ser o símbolo do Município".
Com 77 anos de idade e mais de duas décadas como dirigente associativo no Algarve, José Vitorino, antigo militante do PSD, presidiu à Câmara Municipal de Faro, de Janeiro de 2002 a Outubro de 2005, encontrando-se reformado há 22 anos da sua atividade de profissional de seguros.