José Serra baralha jogo em São Paulo

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Faltando uma semana para o principal partido de oposição ao governo da presidenta Dilma Roussef - o PSDB de Fernando Henrique Cardoso - escolher o candidato a prefeito de São Paulo, um evento modificou os dados do jogo. O ex-prefeito, ex-governador do estado de São Paulo e duas vezes candidato a presidente José Serra entrou na disputa.

O anúncio de que pretendia disputar a principal prefeitura do país obrigou o partido a mudar o calendário. Houve uma tentativa de cancelar as primárias, mas dois dos cinco candidatos não aceitaram. Três desistiram, convictos que Serra teria mais hipóteses de vitória contra a coligação liderada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), do ex-presidente Lula.

As primárias serão no próximo dia 25 e há poucas dúvidas de que Serra vai vencer. Conhecido pela capacidade de trabalho, assim como pelo génio irascível e forma de decidir muitas vezes ignorando os conselheiros, Serra é um economista que vai completar 70 anos no dia 19, que foi exilado político no Chile e fez o doutoramento na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.

Não foi só no seu partido que o anúncio provocou reações. O atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, retirou-se da coligação que vai apoiar o candidato do PT Fernando Haddad - ex-ministro da Educação. Com pouco carisma, Haddad foi uma escolha de Lula, em detrimento de figuras mais conhecidas dos paulistanos. A escolha de Haddad foi semelhante à indicação de Dilma à presidência: trata-se de um tecnocrata cujo principal trunfo político é o trabalho realizado no governo Lula.

A entrada de Serra vai transformar a eleição num plebiscito ao governo federal, numa cidade que costuma votar na oposição.

A federalização da campanha pode não ser favorável a Serra. Neste momento, a situação política é diferente da que resultou em sua primeira vitória na prefeitura, em 2004, com dados económicos positivos favoráveis ao PT e popularidade presidencial em alta.

Outro fator contra é a dúvida se Serra vai cumprir a promessa de permanecer à frente da prefeitura todo o mandato ou vai tentar nova candidatura presidencial. Em 2004 fez a promessa e 15 meses depois renunciou para ser candidato a governador e novamente para tentar a presidência.

*) Jornalista brasileiro

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