José Manuel Fernandes: "Haverá acordo sobre o Brexit no último segundo"
O eurodeputado José Manuel Fernandes acredita que "no último segundo" será encontrada uma solução que permitirá evitar um Hard Brexit, ou seja, uma saída desordenada do Reino Unido da UE a 29 de março (ou para além disso). "Precisamos de estabilidade, precisamos de segurança e a União Europeia não se pode permitir a não ter um acordo".
Em entrevista à TSF, o eurodeputado do PSD diz-se convencido que "no último segundo do prazo, haverá um acordo (...) que todos possam "vender" como uma vitória, mesmo que todos percam alguma coisa".
José Manuel Fernandes admite, porém, que esse prazo "possa ser estendido", além da data de 29 março, na qual, no quadro actual, ocorrerá o Brexit, dando início a um período de transição de praticamente dois anos, que ficará concluindo no final do ano 2020.
Mas, para que haja qualquer novo enquadramento do prazo, "o Reino Unido também tem que saber aquilo que pretende", afirma o deputado, deixando transparecer um tom crítico, tendo em conta a indefinição que caracterizou a forma como Londres conduziu as negociações para a retirada da União Europeia.
O deputado opõe-se à ideia de o Reino Unido vir a organizar eleições europeias, este ano, - contrariamente à posição defendida pelo deputado socialista Pedro Silva Pereira -, tendo em conta que os britânicos "estão a sair" da União Europeia.
"Não podemos ir para as próximas eleições europeias, com a eleição de deputados britânicos, estando o Reino Unido a sair", defendeu, admitindo que durante um eventual período de extensão do Artigo 50º pudesse "haver representantes" britânicos, no Parlamento Europeu.
O deputado admite que "poderá haver a hipótese" de uma tal extensão do prazo do Artigo 50º existir "se o Reino Unido o pedir e se os Estados membros o aceitarem", embora acredite que será encontrada "uma solução que evite a realização de eleições para deputados britânicos voltarem para o Parlamento quando eles estão de saída".
"Agora é importante que se respeite o referendo [de 2016]", considera o eurodeputado social-democrata, convicto de que, apesar de tudo, "o Reino Unido continuará a estar ligado à União Europeia", dando como exemplo a "investigação e inovação - aliás, é dos que mais beneficia desse programa, quer estar no Erasmus+. Estará no fundo europeu de desenvolvimento, estará nas questões de segurança".
"Costumo dizer que o Reino Unido, até agora, estava com um pé dentro e outro fora, e depois vai estar com um pé fora e outro dentro", ironizou José Manuel Fernandes, acreditando, porém, que o Reino Unido será o que mais perde com o Brexit, pois "não poderá ter voz nas decisões, e continuará a ser um contribuinte líquido para o orçamento da União Europeia".
José Manuel Fernandes foi entrevistado no âmbito do programa A Hora da Europa. Ao longo as próximas semanas a TSF procura respostas a questões como as alterações climáticas, crescimento e emprego, direitos humanos, eleições europeias, futuro da Europa, migrantes, proteção dos consumidores, proteção social. Estes são alguns dos pontos de partida para a conversa com os eurodeputados, em direto, de Bruxelas ou Estrasburgo.
Todas as semanas, às quartas-feiras, antes do Fórum, na emissão TSF e em TSF online, os temas europeus passam por aqui.
O ciclo de 21 entrevistas faz parte do projeto da TSF A Hora da Europa, com o apoio do Parlamento Europeu.
*Correspondente DN-TSF