O também ativista de direitos humanos angolano participou hoje ao final da tarde no Fórum Socialismo 2018, a rentrée política do BE, e questionado pelos jornalistas sobre o primeiro ano de João Lourenço como Presidente de Angola, considerou que "é um ano positivo porque José Eduardo dos Santos deixou o país de rastos".."Agora, com a presidência do MPLA, é o ano em que nós devemos começar a ver alguns dos maiores corruptos angolanos na cadeia e todos aqueles que colaboraram a partir do exterior com este sistema de pilhagem em Angola, que também comecem a sentir o peso da justiça, quer em Angola, quer em Portugal e noutras jurisdições internacionais", desafiou..Para Rafael Marques, só assim será possível acreditar que, de facto, "há uma nova era em Angola, uma era anticorrupção".."De outro modo, enquanto as cadeias não estiverem a ser preenchidas por essas altas individualidades que pilharam o país, será apenas mais um ano simbólico e aí já não será tão positivo esse gesto simbólico de João Lourenço em discursos contra a corrupção porque agora é preciso ação", insistiu..Sobre a visita do primeiro-ministro, António Costa, a Angola em setembro, o jornalista começou por destacar que "as relações entre Portugal e Angola sempre foram ditadas pela vontade dos interesses particulares quer dos governantes angolanos quer dos setores dos interesses empresariais portugueses".."Esperamos que com esta visita de António Costa se possa começar a olhar para a relação entre os dois países como relações verdadeiramente de Estado e que possam ser mutuamente benéficas quer para a população angolana quer para a população portuguesa porque até aqui tem sido apenas benéfica para os interesses da elite corrupta angolana e dos seus parceiros portugueses", disse..Questionado sobre o ex-Presidente angolano, Rafael Marques respondeu: "na verdade, José Eduardo dos Santos hoje é uma figura ridícula em Angola".."A ideia de que possa ter poderes secretos, possa ter poderes para além dos seus dias enquanto presidente do MPLA, é apenas um mito que prevalece fora de Angola. Dentro de Angola, todos sabem que o poder de José Eduardo Santos chegou definitivamente ao fim e o poder da sua família também", sustentou..Importante agora, na opinião do ativista angolano, é que "este poder não seja transferido para um só homem", alertando que "o momento em que o Presidente João Lourenço se torna também presidente do MPLA terá precisamente a tentação do poder absoluto".."É importante que este poder, que durante muitos anos levou à destruição do futuro dos angolanos, seja repartido de acordo com os valores da democracia", apelou..De acordo com Rafael Marques, é preciso "passar por reformas constitucionais e outras que garantam uma democracia participativa". ."De outro modo vamos depender da vontade de João Lourenço e não se constrói um país com a vontade de um só homem", avisou.