Famosa correspondente da CNN, casada com o autor do Adobe Acrobat, Heidi Kuhn é bonita, elegante, inteligente, milionária, mãe de três filhos, católica. Tinha tudo para despertar a inveja de muitas mulheres..Ao descobrir, há dez anos, que tinha um cancro no útero, Heidi fez uma promessa: uma vez curada, faria o possível e o impossível para dedicar o resto da sua vida, dinheiro e energia a conservar a vida no mundo inteiro..Declarada curada, mas considerada incapaz de poder engravidar de novo, Heidi, na sua mansão californiana, em São Francisco, descobriu um dia que estava grávida. Contra todas as expectativas, previsões e análises clínicas. Era um rapaz - deu-lhe o nome de Cristiano..Quando a princesa Diana morreu, dois anos depois do nascimento de Cristiano, Heidi Kuhn decidiu que o seu mundo mudara radicalmente e que o seu dever a partir desse momento não poderia ser outro senão dedicar-se totalmente aos mais desprezados dos desprezados. Trabalharia para desminar regiões inteiras nos países pobres e violentados pelo horror de guerras sem fim..Ao criar então, a organização não lucrativa Raízes para a Paz, Heidi inicia um novo capítulo na sua vida de mãe e de mulher. Junto de amigos e conhecidos começa a recolher fundos. O seu entusiasmo levou-a a reunir, em cinco anos, donativos de centenas de milhares de dólares, necessários para desminar zonas de guerra, na Bósnia, no Afeganistão, mas, sobretudo, em Angola..A essa missão juntou então uma outra, simbólica: à medida que as terras e campos iam sendo desminados, no lugar até ali ocupado pelo objecto da morte era plantada uma árvore: uma romãzeira no Afeganistão, uma mangueira ou um abacateiro em Angola, campos de vinhedos na Croácia e na Bósnia. ."Vines for mines [vinhas em vez de minas]", explica Heidi, com um sorriso. Actualmente em Roma, para ser recebida no Vaticano, Heidi Kuhn considera que o seu trabalho é uma verdadeira missão, em particular em Angola, um país que a seduziu, "pelos vastos espacos, silêncios místicos e tantas, tantas crianças, aleijadas, mas que nos sorriem como se fôssemos anjos". Sorrisos e silêncios que a levaram a escolher Angola como o país onde as crianças vão poder voltar a correr pelos campos.