Jornal para prostitutas cria edição 'online' com apoio do Governo

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O Brasil já pode contar com a versão online do jornal Beijo da Rua, destinado às prostitutas. Isso em si já é novidade, mas o jornal conta com apoio do Governo, através do Ministério da Saúde. O jornal que é publicado no Rio de Janeiro, em versão tradicional, desde 1988, agora passa a ser também veiculado na Internet- e ganha apoio federal.

A principal razão para esse apoio está no facto de que Beijo da Rua vai trazer muitas informações para a prevenção contra a sida - ou aids no Brasil. Com periodicidade mensal, a publicação inclui reportagens sobre o dia-a-dia das profissionais do sexo e aspectos gerais de saúde, principalmente a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e da sida. O lançamento do site www.beijodarua.com.br ocorreu na Baía, du- rante um encontro promovido pela Associação de Prostitutas da Bahia. O jornal tem o apoio do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.

O Beijo da Rua foi criado pelo grupo Davida, uma organização de prostitutas com sede no Rio de Janeiro. Da mesma forma que o tablóide, a versão da Internet tem artigos e matérias que tratam de direitos humanos, legislação e outros temas de interesse da área. Cerca de 70 entidades da sociedade civil que desenvolvem acções com a prostituição distribuem gratuitamente o jornal em 17 estados.

Segundo o Ministério da Saúde, o jornal é lido não apenas pelas profissionais do sexo, mas também pelos seus clientes - o que amplia a difusão dos seus conceitos. Para Flávio Lenz, editor do jornal, é im- portante a estratégia de envolver prostitutas e clientes na responsabilidade de disseminar noções de prevenção de DST e aids.

«Uma acção importante nesse sentido é a distribuição do jornal em postos de gasolina na beira das estradas, pois os camionistas são dos principais clientes da prostituição», destaca Lenz, acrescentando que comerciantes, membros de movimentos sociais e gestores de diversas áreas - como a saúde, justiça e direitos humanos - completam o público leitor do tablóide.

A versão online, acredita Flávio Lenz, ampliará a contribuição do jornal para um maior conhecimento da indústria do sexo e do movimento organizado nacional e internacionalmente. «Com esta iniciativa, esperamos reduzir o estigma e a discriminação, além de fortalecer o sentimento de cidadania das profissionais do sexo», diz o jornalista.

Com 12 páginas coloridas por edição, a publicação é apoiada pela Unesco e a Fundação Luterana de Diaconia. O jornal conta com a ajuda da Rede Brasileira de Prostitutas, que reúne 25 organizações não governamentais.

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