Jorge Nuno Pinto da Costa

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Disse um dia Francisco Lucas Pires, um confesso benfiquista, que o único dirigente desportivo com direito a biografia seria Jorge Nuno Pinto da Costa. Essa ainda ainda ninguém a ousou escrever, mas amanhã, numa altura em que o seu nome está associado a um megaprocesso envolvendo o futebol português, será o próprio, tal como já prometeu, a apresentar, no Estádio do Dragão, como não podia deixar de ser, a sua autobiografia, «Largos dias têm cem anos». Ironia do destino ou consequências de um percurso que tem tanto de tempo como de sucessos.

Já se passaram 22 anos desde que Jorge Nuno Pinto da Costa foi eleito pela primeira vez presidente do FC Porto (tomou posse em Abril de 1982). Então com 45 anos, este homem do Norte - como tantas vezes faz questão de frisar - estava longe de pensar que iria conquistar a hegemonia do futebol nacional. Do FC Porto de então dizia-se que sofria do «complexo da Ponte da Arrábida», que começava a perder logo que saía dos limites portuenses.

«Lisboa não pode continuar a colonizar o resto do País. O desejo deles é que o FC Porto desça de divisão». Esta é uma das suas frases famosas e traduz claramente a profunda rivalidade, que de saudável nada tem, entre os dois grandes clubes da capital e o da cidade Invicta, enraizado desde o dia que o FC Porto sob o comando de Pinto da Costa venceu o seu primeiro título nacional (em 1979, com José Maria Pedroto, um dos seus grandes ideólogos, como treinador). Depois, foi um sucesso sem precedentes, que tornou o clube na maior referência, à escala internacional, na maior referência do futebol luso. No seu currículo já contabiliza 12 campeonatos, outras tantas Supertaças, oito Taças de Portugal, uma Taça e uma Liga dos Campeões Europeus, uma Taça UEFA, uma Intercontinental e uma Supertaça europeia.

«O mapa do futebol português foi virado de pernas para o ar.

O domínio dos clubes lisboetas foi apagado», diz Lennart Johansson, o velho presidente da UEFA, no prefácio que aceitou escrever para o livro de Pinto da Costa.

Nascido a 28 de Dezembro de 1937, portanto um Capricónio - dizem as cartas astrais, que as pessoas que nascem neste signo são determinadas e perfeccionistas), Pinto da Costa, ou o «Papa», como há muito é conhecido nos meandros do futebol português, é de facto uma personagem única e não menos fascinante. Quer se goste ou se odeie - com ele é mesmo uma questão de opostos - ninguém lhe nega o adjectivo de «brilhante».

Frontal como poucos, com um sentido de humor apurado e ao mesmo tempo mordaz, que exibe sempre que pode, o homem que um dia se tornou dirigente do FC Porto como chefe de secção de hóquei em patins aos 35 anos, tornou-se incontornável na história do Desporto português. E não só. Um dia, depois da vitória na Taça dos Campeões Europeus, Cavaco Silva disse mesmo que «o País devia ser gerido à imagem do FC Porto». Mas isso foi antes de um seu Governo ter tentado penhorar uma retrete no velho Estádio das Antas...

Mas esta não é a primeira vez que o nome de Pinto da Costa surge associado a potenciais escândalos. Em 1996, uma factura de uma viagem ao Brasil de um árbitro (Carlos Calheiros) surgiu na contabilidade portista. Nessa altura, tudo não passou de «puro engano».

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