Jorge Moyano toca e explica algumas das obras que ama
"Fiz uma primeira seleção de 10-12 obras, mas depois cheguei relativamente depressa a estas três", conta Jorge Moyano, que esta tarde toca no Pequeno Auditório do CCB, em Lisboa. E as escolhidas foram: a Barcarola, op. 60 (1845-46), de Chopin; Prelúdio, Coral e Fuga (1884), de César Franck e o Carnaval, op. 9 (1834-5), de Schumann. "São obras que há muito integram o meu repertório habitual e a que regresso regularmente", diz-nos. O facto de serem todas do século XIX explica-se por "uma questão de identificação pessoal com a música do período romântico", exemplificada pela ligação de Moyano a autores como... Chopin e Schumann: "Bom, Chopin é quase "obrigatório" e marca muito a questão do pianismo em todos os sentidos; já Schumann, fui iniciado na sua música pela minha professora, Maria Cristina [Lino] Pimentel, que tinha uma formação germânica. Foi ela que me abriu o seu universo e ele acabou por me fascinar, tal como a própria vida dele e a ligação íntima entre a sua biografia e a sua música."
Mas destrinça facilmente um e outro: "Chopin é mais imediato, talvez. Depois, há sempre a associação à voz humana e o seu gosto pelo belcanto italiano, e isso é muito sensível na Barcarola." Já a menor imediatez de Schumann se explica por, "ao olharmos as suas partituras, é fundamental procurar o que está ali escondido nas entrelinhas e é preciso apercebermo-nos do que lá está, porque isso valoriza muito a interpretação". Daí que "a leitura [musical] seja em Schumann talvez um pouco mais complexa do que em Chopin". E é por esses meandros que ele prossegue, ao abordar cada obra: "No Carnaval, o facto de serem 21 pequenas peças exige a capacidade de, a intervalos muito curtos, "vestirmos" diferentes personagens e mudarmos de caráter; no Franck, expor com clareza o grande rigor formal da obra, sem deixar de mostrar o lado apaixonado; naBarcarola, explorar sonoridade e timbres, de modo a que as modulações constantes tenham cada uma um ambiente, uma cor próprios."