Joni Mitchell regressa sob aclamação global
Bastava saber-se que Joni Mitchell ia lançar um novo álbum para que o acontecimento fosse digno de notícia. Porém, a este dado junta-se o facto de Shine representar a sua primeira gravação essencialmente feita de temas originais em nove anos. Resulta ainda da sua primeira colaboração com a editora discográfica ligada à rede de cafés Starbucks que este ano a si chamou já as novas gravações de Paul McCartney e Willy Nelson. E gerou já o maior sucesso de vendas de um álbum de originais da cantora em 30 anos (mais concretamente desde Hejira, em 1976).
Shine, que agora surge nos escaparates portugueses, chega num tempo em que os grandes da geração de Joni Mitchell são alvo de mere- cido reconhecimento por diversas gerações de amantes da música, e em particular por figuras de proa da cena musical actual. Há poucos meses, a edição (pela Nonesuch) de um tributo às suas canções apresentava nomes como os de Björk, Sufjan Stevens, Brad Mehldau, Caetano Veloso ou Prince a si rendidos. Há poucas semanas, Herbie Hancock dedicou-lhe todo um álbum (The Joni Letters).
No passado, Tori Amos, Aimee Mann ou Diana Krall assinaram versões de temas seus. Janet Jackson socorreu-se de um sample seu para dar vida a Got'Til It's Gone. Madonna citou Joni Mitchell como tendo sido a primeira artista feminina que lhe chamou a atenção nos dias de adolescência, que Blue é um dos seus discos de referência e que a sua escrita foi a que mais a marcou. Não é por acaso que lhe chamam a "música dos músicos"...
De origem canadiana, Joni Mitchell ganhou o seu lugar na história da música ao associar-se à cena folk norte-americana de meados de 60. Cantautora de cuidada escrita literária, definiu uma linguagem musical que cedo aceitou o desafio de contaminações várias, da pop ao jazz.
A história da música popular deve-lhe uma extensa obra de excepção que, depois de dois álbuns em demanda de uma personalidade (Song To A Seagull e Clouds, de 1968 e 69), ganha fôlego, identidade e grande exposição em monumentos como Ladies of The Canyon (1970) ou Blue (1971). Da sua discografia destacam--se ainda discos como Court and Spark (1974), Hejira (1976) ou Turbulent Indigo (1994), retratos de tempos e destinos musicais distintos entre si, mas sob evidente expressão de fortíssimas marcas autorais.
Shine chega na altura certa e tem colhido opiniões de puro entusiasmo mundo fora. A partir de hoje está nas lojas portuguesas. |