Uma mudança de rumo em quase todos os temas das relações externas em relação ao mandato de Donald Trump foi estabelecida num discurso proferido pelo novo presidente no Departamento de Estado. A administração Biden está comprometida em cumprir o papel de líder e de exemplo democrático nas alianças globais, uma responsabilidade que inclui combater através da diplomacia o "avanço do autoritarismo", mas também pôr fim à aliança militar com os sauditas na guerra com o Iémen, ou voltar a abrir as portas aos refugiados.."A mensagem que eu quero que o mundo ouça: os Estados Unidos estão de volta. A diplomacia está de volta ao centro da nossa política externa", começou por dizer Joe Biden, que sistematizou as ideias que havia, de forma dispersa, dado a conhecer durante a campanha eleitoral, e aflorado no discurso de tomada de posse, há 15 dias..Aos funcionários do departamento responsável pelos negócios estrangeiros, o presidente salientou que a diplomacia tem de ser norteada pelos "valores democráticos mais caros da América", como a liberdade, os direitos universais, o Estado de direito e a dignidade de cada ser humano. "Este é o fio condutor da nossa política global, o nosso poder global. Esta é a nossa fonte inesgotável de força. Esta é a vantagem perene da América", afirmou..Biden lembrou que muitos dos valores a que aludiu estiveram "sob intensa pressão nos últimos anos, mesmo empurrados para o limiar nas últimas semanas", mas mostrou-se confiante de que o povo norte-americano vai ficar mais forte e mais bem equipado para congregar o mundo na defesa da democracia. "Porque nós próprios lutámos por ela.".Sobre o embate com o autoritarismo e a luta pelos valores democráticos, o presidente dos EUA não se esqueceu da atualidade. Começou por condenar o golpe militar na Birmânia e prometeu que os responsáveis pagarão as consequências. "Profunda preocupação", foi como Biden se exprimiu sobre a condenação do opositor russo Alexei Navalny a uma pena de prisão efetiva por ter falhado a apresentação periódica junto das autoridades (porque estava em Berlim a recuperar de um envenenamento causado, segundo o ativista anticorrupção, a mando de Vladimir Putin), bem como as "tentativas russas para suprimir a liberdade de expressão e de reunião pacífica"..Ainda sobre a Rússia, por um lado congratulou-se com a renovação do tratado de limitação de armas nucleares Novo START, mas por outro mostrou firmeza: "Deixei claro ao presidente Putin, de uma forma muito diferente da do meu antecessor, que os dias dos Estados Unidos a recuarem perante as ações agressivas da Rússia - interferindo nas nossas eleições, com ciberataques, e envenenando os seus cidadãos - terminaram.".Casa Branca terá de apanhar os cacos da imagem internacional.É em relação à China, "o principal concorrente" dos EUA, que Biden aparenta manter uma linha de continuidade com a presidência anterior. Aliás, o novo secretário de Estado, Antony Blinken, dissera na audição de confirmação no Senado que Trump "teve razão em adotar uma abordagem mais dura" em relação a Pequim..Sem se referir a pontos quentes como o tratamento dos uigures, a crise em Hong Kong e as ambições em Taiwan ou no Mar da China do Sul, Biden assegurou que os EUA vão "confrontar os abusos económicos", "contrariar a sua ação agressiva e coerciva" e "repelir o ataque aos direitos humanos, à propriedade intelectual e à governação global". No entanto, estendeu a mão: "Estamos prontos a trabalhar com Pequim quando for do interesse da América fazê-lo.".Dando cumprimento a uma promessa eleitoral, Joe Biden anunciou o fim da venda de armas à Arábia Saudita e proclamou que a guerra no Iémen, "uma catástrofe humana e geopolítica", deve terminar, tendo nomeado um enviado especial para aquele país da Península Arábica..Dezenas de ordens para reverter a política de Trump.Outras duas reversões de políticas de Donald Trump foram ainda anunciadas: a manutenção do número de soldados na Alemanha (enquanto o secretário da Defesa planeia a redistribuição das tropas em termos globais) e a abertura de fronteiras aos refugiados, comprometendo-se a receber no primeiro ano fiscal 125 mil pessoas..Aos diplomatas deixou uma palavra em especial. "Quero que as pessoas que trabalham neste edifício e nas nossas embaixadas e consulados em todo o mundo saibam: eu valorizo as vossas competências e respeito-vos, e estarei ao vosso lado. Esta administração vai dar-vos o poder de fazer o vosso trabalho e não de vos perseguir ou politizar. Queremos um debate rigoroso que traga todas as perspetivas e dê espaço à divergência. É assim que vamos obter os melhores resultados políticos possíveis", augurou..A administração Trump nomeou um número recorde de pessoas estranhas à diplomacia para cargos de embaixadores e, segundo Lewis Lukens, que se demitiu do Departamento de Estado em 2019, "a percentagem mais elevada de embaixadores que não parecem ser temperamental ou intelectualmente adequados para o cargo".
Uma mudança de rumo em quase todos os temas das relações externas em relação ao mandato de Donald Trump foi estabelecida num discurso proferido pelo novo presidente no Departamento de Estado. A administração Biden está comprometida em cumprir o papel de líder e de exemplo democrático nas alianças globais, uma responsabilidade que inclui combater através da diplomacia o "avanço do autoritarismo", mas também pôr fim à aliança militar com os sauditas na guerra com o Iémen, ou voltar a abrir as portas aos refugiados.."A mensagem que eu quero que o mundo ouça: os Estados Unidos estão de volta. A diplomacia está de volta ao centro da nossa política externa", começou por dizer Joe Biden, que sistematizou as ideias que havia, de forma dispersa, dado a conhecer durante a campanha eleitoral, e aflorado no discurso de tomada de posse, há 15 dias..Aos funcionários do departamento responsável pelos negócios estrangeiros, o presidente salientou que a diplomacia tem de ser norteada pelos "valores democráticos mais caros da América", como a liberdade, os direitos universais, o Estado de direito e a dignidade de cada ser humano. "Este é o fio condutor da nossa política global, o nosso poder global. Esta é a nossa fonte inesgotável de força. Esta é a vantagem perene da América", afirmou..Biden lembrou que muitos dos valores a que aludiu estiveram "sob intensa pressão nos últimos anos, mesmo empurrados para o limiar nas últimas semanas", mas mostrou-se confiante de que o povo norte-americano vai ficar mais forte e mais bem equipado para congregar o mundo na defesa da democracia. "Porque nós próprios lutámos por ela.".Sobre o embate com o autoritarismo e a luta pelos valores democráticos, o presidente dos EUA não se esqueceu da atualidade. Começou por condenar o golpe militar na Birmânia e prometeu que os responsáveis pagarão as consequências. "Profunda preocupação", foi como Biden se exprimiu sobre a condenação do opositor russo Alexei Navalny a uma pena de prisão efetiva por ter falhado a apresentação periódica junto das autoridades (porque estava em Berlim a recuperar de um envenenamento causado, segundo o ativista anticorrupção, a mando de Vladimir Putin), bem como as "tentativas russas para suprimir a liberdade de expressão e de reunião pacífica"..Ainda sobre a Rússia, por um lado congratulou-se com a renovação do tratado de limitação de armas nucleares Novo START, mas por outro mostrou firmeza: "Deixei claro ao presidente Putin, de uma forma muito diferente da do meu antecessor, que os dias dos Estados Unidos a recuarem perante as ações agressivas da Rússia - interferindo nas nossas eleições, com ciberataques, e envenenando os seus cidadãos - terminaram.".Casa Branca terá de apanhar os cacos da imagem internacional.É em relação à China, "o principal concorrente" dos EUA, que Biden aparenta manter uma linha de continuidade com a presidência anterior. Aliás, o novo secretário de Estado, Antony Blinken, dissera na audição de confirmação no Senado que Trump "teve razão em adotar uma abordagem mais dura" em relação a Pequim..Sem se referir a pontos quentes como o tratamento dos uigures, a crise em Hong Kong e as ambições em Taiwan ou no Mar da China do Sul, Biden assegurou que os EUA vão "confrontar os abusos económicos", "contrariar a sua ação agressiva e coerciva" e "repelir o ataque aos direitos humanos, à propriedade intelectual e à governação global". No entanto, estendeu a mão: "Estamos prontos a trabalhar com Pequim quando for do interesse da América fazê-lo.".Dando cumprimento a uma promessa eleitoral, Joe Biden anunciou o fim da venda de armas à Arábia Saudita e proclamou que a guerra no Iémen, "uma catástrofe humana e geopolítica", deve terminar, tendo nomeado um enviado especial para aquele país da Península Arábica..Dezenas de ordens para reverter a política de Trump.Outras duas reversões de políticas de Donald Trump foram ainda anunciadas: a manutenção do número de soldados na Alemanha (enquanto o secretário da Defesa planeia a redistribuição das tropas em termos globais) e a abertura de fronteiras aos refugiados, comprometendo-se a receber no primeiro ano fiscal 125 mil pessoas..Aos diplomatas deixou uma palavra em especial. "Quero que as pessoas que trabalham neste edifício e nas nossas embaixadas e consulados em todo o mundo saibam: eu valorizo as vossas competências e respeito-vos, e estarei ao vosso lado. Esta administração vai dar-vos o poder de fazer o vosso trabalho e não de vos perseguir ou politizar. Queremos um debate rigoroso que traga todas as perspetivas e dê espaço à divergência. É assim que vamos obter os melhores resultados políticos possíveis", augurou..A administração Trump nomeou um número recorde de pessoas estranhas à diplomacia para cargos de embaixadores e, segundo Lewis Lukens, que se demitiu do Departamento de Estado em 2019, "a percentagem mais elevada de embaixadores que não parecem ser temperamental ou intelectualmente adequados para o cargo".