Joe Berardo admite processar antigo sócio

Empresário Francisco Capelo disse que bancos conhecem desde 2012 riscos das obras de arte. Berardo "repudia, com veemência, as aleivosias".
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Joe Berardo admite processar o seu antigo sócio, Francisco Capelo. Em causa, estão as declarações escritas de Francisco Capelo enviadas aos deputados da segunda comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD), em que afirmou que os bancos sabiam, desde 2012, dos riscos da venda da coleção de arte Berardo. A própria fundação diz que Francisco Capelo lançou "aleivosias", ou seja, terá sido cometida traição.

"Logo que tiver acesso ao teor integral do depoimento por escrito do Sr. Francisco Capelo Ramos do Rosário à II Comissão de Inquérito a Fundação José Berardo logo aquilatará se vale a pena processar esse cidadão ou antes ignorar os dislates do mesmo, como tem sido norma de alguns visados pelo seu fel", afirma fonte oficial da fundação em nota enviada à imprensa na noite de quinta-feira.

A Fundação José Berardo alega ainda que "sempre desenvolveu a sua atividade dentro do âmbito dos seus fins estatutários de utilidade pública". Na carta enviada aos deputados, Francisco Capelo escreveu que a fundação é uma "entidade controversa", cuja "natureza" é de "legalidade questionável". A sua criação serviu "como uma fachada para permitir a existência de uma entidade essencialmente criada para beneficiar dos privilégios fiscais, sobretudo da isenção do pagamento de mais-valias nos investimentos financeiros", de acordo com o documento citado pelo Expresso na tarde de quinta-feira.

A Fundação José Berardo é uma instituição particular de solidariedade social e é atualmente a principal credora da CGD, BCP e Novo Banco. A fundação está a ser alvo de um processo de execução por dever um total de 962 milhões de euros aos três bancos por causa dos empréstimos pedidos entre 2005 e 2007 para, sobretudo, comprar ações do BCP.

Este é mais um caso judicial a envolver Joe Berardo. No início deste mês, a comissão parlamentar de inquérito à CGD apresentou uma queixa contra a Associação Coleção Berardo no Ministério Público por crime de desobediência, considerando que não enviou ao parlamento os documentos devidos. A Associação Coleção Berardo é a dona da coleção de arte exposta na Fundação Coleção Berardo, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.

Joe Berardo foi ouvido na comissão parlamentar de inquérito à CGD no dia 10 de maio.

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