Anúncio. Com o atraso de quase duas horas, o ministro da Cultura e o presidente do júri, o brasileiro Ruy Espinheira Filho, deram a conhecer o vencedor da edição deste ano do prémio. Foi assumido na conferência de imprensa que, desta vez, "a discussão se centraria em escritores brasileiros".O atraso com que foi anunciado o nome do vencedor da 20. ª edição do Prémio Camões deveu-se, segundo o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, ao facto de não conseguirem falar telefonicamente, para o Rio de Janeiro, com o escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro, 67 anos, para que fosse o primeiro a saber. "É sábado, no Rio de Janeiro são menos quatro horas, não conseguimos contactá-lo para casa...", justificou o ministro, sublinhando que este nome da cultura brasileira "vem reforçar a qualidade do Prémio Camões"..O escritor e jornalista Ruy Espinheira Filho e presidente do júri leu então a acta, que todos concordaram em subscrever, e onde se justificava "o alto nível da obra literária de João Ubaldo Ribeiro, especialmente densa das culturas portuguesa, africanas e dos habitantes originais do Brasil"..João Ubaldo Ribeiro é um nome conhecido dos portugueses. Entre os seus livros editados em Portugal estão O Sorriso do Lagarto, A Casa dos Budas Ditosos (boicotado em Portugal por duas redes de supermercados que proibiram a sua venda devido às "obscenidades" escritas), A Gente se Acostuma a Tudo, Sargento Gertúlio, Viva o Povo Brasileiro, Novas Seletas, Um Brasileiro em Berlim, Diário do Farol e Vencecavalo e o Outro Povo, entre outros. Escreveu 11 romances, dois de contos, seis livros de crónicas, um ensaio, dois livros infantis e duas antologias. .Na Internet, encontrámos memórias da sua infância. "Sei que parece mentira e não me aborreço com quem não acreditar (quem conheceu meu pai acredita), mas a verdade é que, aos 12 anos, eu já tinha lido (...) a maior parte da obra traduzida de Shakespeare (...), O Elogio da Loucura, Tito Lívio, Miguel de Cervantes (...), adaptações especiais do Fausto e da Divina Comédia, a Ilíada, a Odisseia, vários ensaios de Montaigne (...)". Da relação da sua família com os livros, confessa: "Meu avô furtava livros de meu pai, meu pai furtava livros de meu avô, eu furtava livros de meu pai e minha irmã até hoje furta livros de todos nós". .Do júri fizeram parte, além do presidente, Maria de Fátima Marinho (Portugal), João Melo (Angola), Marco Lucchesi (Brasil), Corsino Fortes (Cabo Verde) e Maria Lúcia Lepecki (Brasil) - esta só por telefone durante a última reunião, devido a problemas de saúde.|