João Sousa procura reescrever a história no Estoril Open

Vimaranense joga hoje o acesso à final do torneio, algo inédito no ténis português. Stefanos Tsitsipas (n.º 44) é o adversário
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Será desta? João Sousa voltou ontem a mostrar o quanto quer chegar à final do Estoril Open. Confortável no court, o português superiorizou-se ao n.º 23 do mundo, o inglês Kyle Edmund (6-3, 1-6, 6-0), num jogo de altos e baixos que acabou a vencer com um famoso pneu (jogo em branco). A vitória garantiu-lhe um histórico lugar nas meias-finais do torneio, algo que nenhum outro português tinha sequer ambicionado desde 2015 - é preciso recuar até ao antigo open português, em 2010, para encontrar um tenista nacional a chegar tão longe, pois nesse ano Frederico Gil chegaria à final e perderia com Alberto Montañes.

"O primeiro set foi bem conseguido, o segundo não joguei tão bem, mas no terceiro demonstrei uma garra incrível. Fui agressivo. Fui fiel ao meu estilo de jogo e o público ajudou-me imenso", confessou o português ainda no court, enquanto era aplaudido de pé no Estádio Millennium e tentava recuperar o fôlego. Sousa acabou o jogo de rastos, mas eufórico: "Estou muito feliz por ter vencido um grandíssimo jogador e por estar na meia-final do Estoril Open."

Hoje, o conquistador tem missão dupla e inédita: chegar à final em singulares (15.00, TVI 24) e em pares - joga de novo às 19.00, com L. Mayer, frente a Edmund e Norrie. "Estou bem fisicamente, sinto-me muito bem. Neste ano fizemos aposta em singulares e pares e tem corrido bem. O Leo tem ajudado muito nos pares. Tem corrido muito bem, tenho jogado a um excelente nível, a melhorar de encontro para encontro", afirmou o tenista.

Sousa tem encantado as bancadas com as pancadas fortes e decididas do fundo do court, mas também com uma ou outra incursão à rede sempre espetacular do ponto de vista de quem vê. E tem posto emoção e frieza no jogo quando é preciso, e isso tem feito a diferença. Foi assim ontem, como já tinha sido no jogo de estreia, frente a Daniil Medvedev, e no encontro "épico" com Pedro Sousa.

Sousa e Edmund tinham-se encontrado apenas duas vezes: Edmund ganhou em Roma, Sousa em Cincinnati, ambas em 2017, ano em que o britânico e o conquistador até fizeram dupla para jogar pares em Wimbledon e no Estoril. Ontem, o desempate sorriu ao português (68.º ATP), que assim garantiu um lugar nas meias-finais de um torneio ATP pela segunda vez neste ano, depois de Marraquexe.

Para chegar à final do torneio, criado à sua medida em 2015, o português terá de ultrapassar um muro grego chamado Stefanos Tsitsipas. O jovem de 19 anos tem sido, a par de Sousa, a grande figura do torneio, tendo ontem eliminado o espanhol Carballés Baena, naquela que foi a oitava vitória em dez encontros na terra batida neste ano, incluindo triunfos sobre Dominic Thiem (7.º), Kevin Anderson (8.º), Carreño Busta (11.º) e Schwartzman (17.º).

Filho de um treinador de ténis grego, Apostolos, e de uma antiga tenista russa, Julia Salnikova, o prodígio grego viu o destino traçado aos 10 anos. Aos 19, o também neto de Sergei Salnikov, campeão olímpico de futebol em 1956 pela URSS, é já o número 44 do mundo e melhor grego de todos os tempos. Tsitsipas, "um jovem ambicioso" e "muito motivado", segundo João Sousa, chega às meias-finais de um torneio do ATP pela segunda semana seguida (perdeu a final com Nadal em Barcelona) e já avisou que se inspira em Cristiano Ronaldo para dar a volta a jogos que parecem perdidos.

A outra meia-final vai opor o norte-americano Frances Tiafoe, que bateu ontem o italiano Simone Bolelli em dois sets, ao campeão em título Pablo Carreño Busta, que eliminou o chileno Nicolás Jarry.

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