João Soares destaca papel de Savimbi a formar quadros
João Soares falou à Lusa no final da sua participação no colóquio internacional organizado hoje em Luanda pela UNITA para homenagear o seu primeiro presidente, Jonas Savimbi, morto em combate faz hoje 10 anos.
O deputado do PS, que apresentou o tema "" Memória de Jonas Savimbi", definiu o líder fundador do maior partido da oposição em Angola como um homem de carácter "dúplice" pelo papel de dirigente político e militar que exerceu.
"É dúplice, porque foi um dirigente político e militar. E cometeu erros, como sublinhei e falei do nome de Tito Chingunji e do general Bock, mas que tem uma obra notável, em termos de formação de pessoas, quadros políticos", referiu João Soares.
A este respeito, João Soares destacou os casos do atual Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas (CEMGFAA), general Sachipendo Nunda, e do atual ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chicoti.
Além de João Soares, participaram ainda no colóquio a jornalista Maria Antónia Palla e Maria João Sande Lemos, o jornalista francês Yves René Loiseau e dirigentes da UNITA.
Para João Soares, Jonas Savimbi "tem um lugar incontornável na história de Angola e de África", sublinhando que foi dos três dirigentes nacionalistas históricos que lutaram contra o colonialismo português o único que se manteve no interior do país, sem ter recorrido ao exílio.
"Savimbi lutou até ao fim por aquilo em que acreditava, cometeu erros como todos, mas há que reconhecer que quando podia ter ido para o exílio e por várias vezes lhe foi proposto um exílio dourado, optou por ficar no interior do seu país", salientou.
João Soares, que durante a guerra civil em Angola visitou em várias ocasiões a Jamba, o bastião da UNITA na província de Cuando Cubango, é tido como um homem próximo deste partido angolano, mas fez questão de salientar que veio a Angola dar o seu testemunho como alguém que sempre acompanhou o processo político angolano.
Maria Antónia Palla, por seu lado, destacou à Lusa a vontade de Jonas Savimbi em implementar o multipartidarismo em Angola.
"Acho que de um modo geral discute-se mais a personalidade de Savimbi do que as ideias e as condições que ele criou para a existência de uma democracia em Angola. Acho que de facto criou condições que permitiram que em Angola exista realmente uma ideia e um desejo de democracia que se há-de concretizar cada vez mais", defendeu.
Para a jornalista, que apresentou o tema "Dr. Savimbi, Testemunhos para a História de Angola", o presidente fundador da UNITA "dentro dos limites que dominou, conseguiu essa unidade na pluralidade".