João Almeida ataca a Vuelta com o sonho de chegar ao pódio

O ciclista de 25 anos é um dos seis portugueses que sánado, em Barcelona, vai iniciar a 78.ª edição da Volta a Espanha. Depois do 5.º lugar em 2022, vai tentar subir mais um degrau, mas para já diz querer apenas "um bom resultado", "sem quedas nem azares.
Publicado a
Atualizado a

Vai no sábado para a estrada a 78.ª edição da Volta a Espanha em bicicleta, uma das mais duras e importantes provas do ciclismo internacional que este ano conta seis portugueses à partida para a 1.ª etapa, em Barcelona. Dos 176 ciclistas do pelotão, seis são portugueses, com natural destaque para João Almeida (UAE Emirates), que é a esperança nacional para alcançar um bom resultado.

O ciclista de 25 anos, natural de A-dos-Francos, nas Caldas da Rainha, vai procurar melhorar o quinto lugar alcançado em 2022, sendo que o pódio que alcançou em maio no Giro de Itália, em que ficou em terceiro lugar - além de ter ganho o Prémio da Juventude -, coloca-o entre as grandes promessas para esta edição da Vuelta. E é bom lembrar que João Almeida conta esta época com um terceiro lugar na Volta à Catalunha, um segundo na clássica Tirreno-Adriatico e um segundo posto na Volta à Polónia, no início deste mês de agosto.

"Tenho feito uma boa temporada e chego a esta Vuelta muito tranquilo, satisfeito com este ano. Vou dar o melhor de mim pela equipa e vamos ver no final como termino", disse João Almeida, numa videoconferência promovida pela UAE Emirates, garantido que parte em igualdade com o espanhol Juan Ayuso, o companheiro de equipa que poderá também lutar pelos primeiros lugares. "É bom termos dois candidatos. Será tudo uma questão de quem estiver melhor. Espero ter boas pernas", disse o ciclista português, enaltecendo aquele que considera ser "um dos melhores pelotões" onde já esteve inserido, tantos são os grandes nomes que vão estar à partida.

Naquela que vai ser a segunda Vuelta da sua carreia, o atual número 12 do ranking mundial é, a par de Ayuso, uma grande aposta da UAE Emirates, que surge na prova espanhola sem as suas duas principais estrelas, o esloveno Tadej Pogacar e o britânico Adam Yates. Ainda assim, Almeida preferiu não traçar metas, apesar de o pódio estar na sua mira, depois do quinto lugar no ano passado. "Acho que podemos fazer um bom resultado, esperemos passar bem, sem quedas, sem azares. Ficar perto dos outros. Confio nos meus companheiros e vamos deixar tudo na estrada", disse o ciclista, que contará com a ajuda de outro português, Rui Oliveira que aos 26 anos vai participar na sua terceira Volta a Espanha. E bem podia ter outro compatriota a ajudá-lo, não fosse Ivo Oliveira sido substituído esta semana devido a doença.

Dos outros cinco portugueses, destaque para Rúben Guerreiro e Nélson Oliveira, que ao serviço da Movistar podem dar um ar da sua graça, tal como Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty), que aos 36 anos já conta com 16.ª grandes Voltas no currículo. A apalpar terreno deverá estar o estreante André Carvalho (Cofidis).

Pronto para arrancar para a sua 19.ª grande Volta, Nélson Oliveira, de 34 anos, tem bem traçados os seus objetivos que passam por levar o seu chefe de fila, o espanhol Enric Mas a chegar em primeiro lugar a Madrid, no dia 17 de setembro. "Vou tentar ajudar a equipa no melhor que seja possível, levar o líder até onde puder. Neste este ano temos um crono por equipas, onde certamente serei uma mais-valia para ajudar a equipa. Depois resta-nos ajudar o líder a chegar a Madrid na melhor posição possível", referiu em declarações à Lusa.

12 anos depois da estreia numa grande Volta, curiosamente na Volta a Espanha, Nélson Oliveira garante continuar a encarar prova "da mesma forma" estas provas, garantindo estar "numa boa condição física" após o Tour - que diz ter sido "uma corrida menos boa" e "não uma desilusão" - e os Mundiais. Aliás, o ciclista português prevê que nas próximas três semanas se assista a uma corrida "bastante competitiva e aberta", destacando a Jumbo-Visma como a equipa que vai tentar "ganhar as três grandes" Voltas no mesmo ano e, a nível individual, "o jovem, que já ganhou no ano passado", referindo-se ao belga Remco Evenepoel.

Por sua vez, André Carvalho (Cofidis) vive pela primeira vez uma grande Volta. "Acho que é o sonho de qualquer ciclista e não sou indiferente a esse facto. Estou muito contente de estar aqui e poder fazer parte da equipa para esta Volta à Espanha", assumiu André Carvalho à Lusa.

O português, de 25 anos, está na sua terceira época na equipa francesa foi chamado para substituir um companheiro, que não pode competir. "Estou adaptado ao WorldTour, no entanto, vai ser a primeira vez numa grande volta... vamos ver como corre", referiu, acreditando que fará "parte do comboio para Bryan Coquard e Davide Cimolai" nas poucas etapas que poderão ser discutidas ao sprint. "Contudo, penso que que terei alguma liberdade nas outras etapas" para tentar integrar fugas.

O belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) começa sábado a defender o título da época passada, numa Volta a Espanha carregada de estrelas, em que o esloveno Primoz Roglic e a Jumbo-Visma procuram fazer história. O prodígio belga, de 23 anos, conquistou em 2022 a sua primeira grande Volta e logo na sua estreia na Vuelta, e procura a redenção após ter sido obrigado a desistir no Giro de Itália, devido à covid-19. Agora, apresenta-se como um dos favoritos à vitória final de uma prova que tem um dos pelotões mais fortes dos últimos anos, com muitos candidatos ao triunfo e à presença no pódio, entre os quais o português João Almeida (UAE Emirates), que foi terceiro no último Giro.

Vencedora da Volta a Itália com Roglic e do Tour com o dinamarquês Jonas Vingegaard, a Jumbo-Visma tem a possibilidade de fazer história e tornar-se a primeira equipa a vencer as três grandes Voltas no mesmo ano. A última a conseguir este feito foi a Banesto, em 1992, com o espanhol Miguel Indurain a vencer em Itália e França e o compatriota Pedro Delgado a ser terceiro em Espanha.

Já para Roglic, esta edição da Vuelta poderá também ser histórica, caso consiga vencê-la pela quarta vez, depois dos êxitos em 2019, 2020 e 2021, algo só conseguido pelo já retirado espanhol Roberto Heras. O ciclista esloveno pode ainda tornar-se no primeiro a conseguir ganhar o Giro e a Vuelta no mesmo ano, desde o espanhol Alberto Contador em 2008, enquanto Vingegaard pode imitar Chris Froome, que em 2017 venceu o Tour e a Vuelta, algo que só tinha sido alcançado pelo francês Bernard Hinault, em 1978.

A Jumbo-Visma apresenta-se com um forte conjunto para tentar fazer história, com os dois chefes de fila e alguns dos seus melhores gregários, com destaque para o norte-americano Sepp Kuss, decisivo nos triunfos no Giro e no Tour. A força da equipa pode ser um dos fatores decisivos na prova, algo que Evenepoel não dispõe na Soudal Quick-Step, que ainda estará pouco adaptada a corridas de três semanas.

A dureza da Vuelta de 2023 vai começar logo na primeira semana, com o arranque com um contrarrelógio coletivo de 14,8 quilómetros em Barcelona a poder marcar logo as primeiras diferenças. Nesta primeira fase da prova, haverá apenas uma etapa plana e as duas primeiras chegadas em alto serão na terceira etapa, em Arinsal (Andorra), e na sexta, no Observatorio Astrofísico de Javalambre. A segunda semana começa com um contrarrelógio individual de 25,8 quilómetros, em Valladolid, três dias antes da chegada ao topo do mítico Tourmalet, numa curta visita a França. Já na terceira semana, será a vez da subida a outra das mais lendárias chegadas da Vuelta, o alto do Angliru, com a etapa mais longa da 78.ª Vuelta a ficar reservada para a véspera da chegada a Madrid, com 208 quilómetros de constante sobe e desce, entre Manzanares El Real e Guadarrama.

*com Lusa

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt