JMJ2023. Lisboa, a cidade que não dorme para receber o Papa 

Restaurantes, alojamento turístico, hipermercados, distribuição alimentar, lojas de rua, transportes e telecomunicações. Estes são alguns dos principais setores que já estão preparados para receber os jovens que participam na Jornada Mundial da Juventude, de 1 a 6 de agosto. Redobram-se esforços para que nada venha a faltar, antecipando-se constrangimentos.
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Alojamento turístico com ocupação prevista de 91% na semana do evento. Hóspedes ficam entre três a cinco noites a 250 euros cada em Lisboa

A restauração está otimista com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e espera "um incremento do consumo durante esta semana" embora, ressalva a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), "o peregrino não é o cliente consumidor por excelência". "Ainda assim, quer a restauração, quer todos os outros setores turísticos, devem olhar também para a JMJ como uma oportunidade para fortalecer ainda mais a marca Portugal", garante a secretária-geral da AHRESP ao DN/Dinheiro Vivo. Ana Jacinto elenca também os desafios que a vinda do Papa e a grande afluência de pessoa irão trazer à restauração da cidade de Lisboa, desde logo os constrangimentos de circulação que podem comprometer o normal abastecimento dos restaurantes e até a mobilidade dos próprios colaboradores até ao local de trabalho.

A falta de trabalhadores no turismo para dar resposta à procura é outra das preocupações da responsável. "Tendo em conta, as elevadas temperaturas que se preveem para os dias da JMJ, o total cumprimento das regras de segurança alimentar é outro dos alertas que a AHRESP deixa, nomeadamente, no que diz respeito ao transporte e à conservação dos alimentos. E este alerta serve, não só para os 1560 estabelecimentos que fazem parte da rede específica de alimentação da JMJ, mas sim para todos os estabelecimentos de restauração, bebidas e similares que deverão receber um afluxo elevado de cliente", aponta.

Já a hotelaria também espera receber mais clientes mas, ainda assim, estes estabelecimentos de alojamento turístico não estarão lotados, prevendo-se uma ocupação de 91% na semana do evento indica um inquérito da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

Os hóspedes chegam principalmente de Espanha, Portugal, Estados Unidos da América, França, Brasil e Itália sendo a estada média esperada de entre três a cinco noites. Os preços médios por noite em Lisboa rondam os 250 euros. A AHP relembra, no entanto, que os peregrinos não ficam alojados nos hotéis e que a JMJ pode acabar por afastar os turistas tradicionais da cidade devido ao caos esperado nessa semana.

As empresas de distribuição e restante comércio estão a reforçar os seus stocks para garantir que tudo funcione nos dias da JMJ

O retalho alimentar está na sua "máxima força para garantir que as lojas - da área de incidência da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) - são abastecidas durante a madrugada e há também planos de contingência caso seja necessário um reforço durante o dia", garante o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier. A mesma garantia foi dada pelas marcas. O Aldi declara que irá proceder ao reforço "de várias lojas, sendo que a percentagem de incremento irá depender do grau de proximidade das lojas aos pontos de referência ou de passagem da JMJ". Por seu turno, o Continente criou o Menu Peregrino. A marca "pretende colaborar com a organização da JMJ e estabeleceu um protocolo com o objetivo de garantir o fornecimento destes menus" e assim os participantes com refeição incluída dispõem de um QRCode que permite redimir a sua refeição nas áreas específicas para o efeito. A empresa explica ainda que, na área da Grande Lisboa são mais de 40 as lojas abrangidas pelo alargamento de horário. Por seu turno, o Intermarché explica que "a sua insígnia de comércio alimentar é composta por chefes de empresa independentes" e que por esse motivo "a gestão dos stocks para a JMJ está a ser feita por cada ponto de venda". Já a Mercadona, por não ter supermercados nos concelhos de Lisboa e Loures, explica que vai fazer "os ajustes necessários nas lojas inseridas em zonas onde se prevê maior afluência de peregrinos", mas que o "sortido vai manter-se, não estando prevista nenhuma alteração motivada pelo evento". As lojas Auchan, que integram a rede de restauração da JMJ, vão disponibilizar "refeições adaptadas às várias dietas. Os kits são pagos através do voucher adquirido aquando da inscrição" na jornada. Já as equipas destas lojas foram preparadas "para um aumento da procura, em alguns casos com uma reorganização das lojas".

Também o Lidl irá proceder a um reforço das suas equipas contíguas aos locais de celebração, assim como reforçar "antecipadamente os stocks de 35 lojas da região centro, próximas dos locais mais impactados pelo evento". E, por ter aderido à rede de distribuição de menus da JMJ, vai disponibilizar aos peregrinos aderentes a possibilidade de adquirir dois menus de refeição. Em comunicado, o Pingo Doce explica que "com um donativo total de cinco milhões de euros vai garantir a alimentação a milhares de jovens que se vão reunir em Lisboa". A marca vai doar 400 mil Kits alimentares e revela que recrutou 200 colaboradores, para reforçar cerca de 80 lojas e alargou o horário de 25 espaços.

Também os associados da União de Associação de Comércio e Serviços (UACS), da área da restauração localizados nas áreas abrangidas pela jornada, tiveram de se preparar "em termos de abastecimento", explica a presidente Carla Salsinha. Para ajudar os associados, a UACS elaborou uma minuta, que as empresas preenchem e entregm aos trabalhadores, para que possam ir trabalhar e apresentar à polícia, caso seja necessário. A responsável adiantou ainda que está a ser feito o trabalho de sensibilizar as lojas - em especial as ligadas à moda - para que estejam abertas até mais tarde uma vez que muitas decidiram fechar durante as horas das celebrações religiosas.

Do Marquês de Pombal a Fátima, Meo, NOS e Vodafone têm planos para reforçar redes móveis e fixas durante a JMJ

Meo, NOS e Vodafone têm preparadas operações dedicadas à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), tendo as três principais empresas de telecomunicações do país assegurado um reforço da cobertura de rede na Grande Lisboa, considerando o expectável consumo massivo de dados móveis durante o evento.

A Altice Portugal, dona da Meo, é a parceiro tecnológica da JMJ. O estatuto atribui à telecom especial responsabilidade. Por isso, entre 1 e 6 de agosto, 300 profissionais (mais de 200 são de áreas técnicas dedicadas) estão no terreno, para assegurar que os mais de 80 km de cabo de fibra ótica e o reforço de cobertura integral da rede móvel de alta densidade nos locais da JMJ (sede da JMJ no Beato, Convento do Grilo, Parque Tejo, Parque Eduardo VII, Pavilhão Carlos Lopes, Universidade Católica, Colégio Pedro Arrupe, Jardim Vasco da Gama, Fátima ou o Passeio Marítimo de Algés) são mais do que suficientes para as comunicações eletrónicas do evento. Fonte oficial da Meo revela, ainda, que haverá duas salas técnicas dedicadas ao evento, "uma delas instalada in loco no recinto, com equipas responsáveis 24 horas/dia pela supervisão e monitoria das redes e preparadas para intervir no imediato, em caso de necessidade". Ainda que não seja parceira, também a NOS tem um plano para a JMJ. "A NOS constituiu uma equipa multidisciplinar [parte dela disponível 24horas/dia], com elementos de diferentes áreas da empresa, com vista a identificar e acautelar os impactos associados à magnitude de um grande evento como a JMJ nos serviços de comunicações eletrónicas", assegura fonte oficial da telecom. O reforço da capacidade de rede e a instalação de antenas de muito alta capacidade nos locais afetos à JMJ são algumas delas, para antecipar "a enorme procura de serviçs de voz e dados". Já a Vodafone Portugal "tem em curso um plano de reforço e monitorização em permanência da sua rede em virtude da excecional concentração de pessoas esperada por ocasião da JMJ", segundo fonte oficial. O operador terá temporariamente mais antenas disponíveis também no Santurário de Fátima, além dos loacais da JMJ em Lisboa.

Foram anunciados reforços dos meios de transporte públicos. Mas atenção a alguns constrangimentos em certas zonas

Os transportes públicos deverão estar a funcionar a todo o gás durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), tendo as transportadoras anunciado reforços dos meios. O Metropolitano de Lisboa vai reforçar a circulação "em todas as linhas" durante o horário de exploração - das 06h30 às 01h -, através da utilização de "comboios com seis carruagens, do aumento da frequência dos comboios e da consequente redução dos tempos de espera", explicou a empresa em comunicado. Adicionalmente, esclarece que nos dias 1, 3 e 4 de agosto, dias em que ocorrem eventos da JMJ no Parque Eduardo VII, as estações de Picoas, Parque, Marquês de Pombal e Avenida estarão encerradas a partir das 11h e até ao final do horário de exploração. A 6 de agosto, quando ocorre o evento no Parque Tejo, a estação de Moscavide encerrará a partir das 12h. Já a Carris disponibiliza todas as informações sobre alterações às carreiras no seu site, num separador dedicado à JMJ, que estará "em permanente atualização". A empresa informou que a maior parte das carreiras de bairro serão suspensas entre 29 de julho e 6 de agosto, por forma a não dificultar a circulação dos peregrinos em "zonas de arruamentos estreitos". Nos eixos de Cascais, Sintra, Azambuja e Entroncamento/Tomar, a CP prevê "um incremento de circulações além da oferta regular", prevendo mais comboios por hora nos percursos Cais do Sodré-Cascais, na linha de Sintra e na Azambuja, nos dias da JMJ.

Também os transportes públicos que fazem a ligação entre ambas as margens do Tejo serão reforçados, com a Fertagus a aumentar a circulação com "oferta de comboios duplos durante todo o dia", além de sete horários especiais nos dias 5 e 6 de agosto. Entre 1 e 4 de agosto, a oferta de comboios duplos mantém-se "das 20h ao final da operação, de forma a facilitar a mobilidade dos peregrinos entre as duas margens", esclareceu a empresa ao DV. A oferta de transportes públicos fluviais, garantida pela Transtejo Soflusa, também terá horários especiais nas ligações Barreiro-Terreiro do Paço e Cacilhas-Cais do Sodré.

Outras transportadoras, como a Rede Expresso ou a Flixbus, também anunciaram reforço da oferta rodoviária nacional e internacional para o período da JMJ.

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