"Jihad Now" conta a ascensão do terror em quatro episódios
Entrevistas com o xeque que recebeu Osama Bin Laden nos anos 80 no Afeganistão, "quando ainda ninguém sabia quem ele era", e com o filho do terrorista que acabou morto às mãos de soldados norte-americanos, mas também com ministros europeus e responsáveis pelos refugiados que fogem, hoje, do terror iniciado com a Al-Qaeda e perpetuado, a um nível cada vez mais global, pelo Estado Islâmico. Jihad Now é a série documental que analisa as origens do terrorismo, recuando 30 anos até à Guerra Fria, quando a URSS invadiu o Afeganistão e os EUA armaram o exército talibã.
Com quatro episódios, o novo projeto de Henrique Cymerman estreou-se a oito de março em Israel, no Channel 1, e segundo o correspondente da SIC no Médio Oriente "há muito interesse na transmissão do documentário nos EUA e na Europa" e uma forte possibilidade deste chegar também a Portugal. O terceiro capítulo "já está traduzido", e o jornalista espera que com a tradução dos restantes, o documentário possa chegar a mais países.
Henrique Cymerman mostra a frente de combate nos vários locais onde esteve em reportagem para Jihad Now. "Estivemos mesmo na frente e chegámos a ser atingidos. Tivemos sorte porque estávamos num carro blindado", conta o jornalista português, que vive em Tel Aviv desde os anos 70 e que repete - e acredita -naquilo que ouviu dos generais encarregues de vencer a maior luta da nossa era: "O Estado Islâmico é a maior ameaça para ao mundo livre do século XXI".
"O primeiro capítulo mostra o princípio da Jihad com a chegada dos soviéticos ao Afeganistão. O segundo é dedicado ao 11 de setembro, o terceiro e quarto episódios mostram o que está a acontecer agora", revela Cymerman ao DN.
"Temos estes monstros a surgir"
O jornalista diz ter ficado surpreendido com "a falta de coordenação que havia antes do 11 de setembro: mostramos cinco situações em que podia ter sido evitado", conta. O documentário pretende "olhar para o ISIS nos olhos", como um jornal espanhol sublinhou, e ajudar a refletir sobre o que se está - e sobretudo - não se está a fazer na guerra contra o terrorismo. "Temos medo de passar linhas vermelhas e o resultado é que temos estes monstros todos a surgir", diz Cymerman. "Ainda não percebemos de que maneira podemos manter a democracia, a liberdade e os direitos humanos e ao mesmo tempo evitar o terrorismo", acrescenta.
Para realizar Jihad Now, o jornalista percorreu, com a sua equipa, 15 países, em quatro continentes e entrevistou também membros dos serviços secretos, jornalistas e líderes políticos. Depois de realizar este documentário de quatro horas, Cymerman acredita que existe uma possível solução para vencer o terrorismo. "É possível vencê-los militarmente - é só uma questão de decisão - mas o que interessa e o que deve ser feito é vencer a guerra de ideias", sublinha, recordando que cada vez mais jovens muçulmanos se sentem atraídos pela "narrativa do Estado Islâmico". "É preciso educar e usar os media. É uma luta duríssima, mas não impossível", diz o correspondente da SIC, que tem estado a desenvolver um projeto que poderá contar com a colaboração do Papa Francisco.
"Existe um plano de luta, a longo prazo, contra aquilo que o Papa chama a "violência em nome de Deus". Vai demorar anos, mas não há nenhum governo que esteja a pensar fazer algo assim: em educar contra o radicalismo", garante.
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