Jesus e o realismo de aprender com os erros
No basquetebol diz-se que os ataques ganham jogos, as defesas ganham campeonatos. No futebol é um pouco diferente, mas não tanto assim.
Vem isto a propósito da quarta vitória seguida do Sporting na Liga por 1-0 - em sete das 12 jornadas ganhou por um golo. Dito de outro modo, só por três vezes ganhou por mais do que um golo, uma delas ao Benfica. Se olharmos além- -fronteiras, o Inter é líder com oito vitórias por 1-0 (18 golos em 15 jogos, numa relação golo-pontos difícil de ultrapassar - a Fiorentina, de Paulo Sousa, está em 2.º com 30 golos marcados); do outro lado dos Alpes, em França, o Angers vai em segundo com 16 golos marcados, média abaixo de um golo por jogo (17). Só duas equipas na liga francesa marcaram menos.
Em Portugal marcam-se neste ano menos golos (a média desceu de 2,5 para 2,3). O Sporting marcou 21, os mesmos que o V. Setúbal, menos quatro do que o FC Porto e menos seis do que o Benfica. É mais do que parece, porque se trata de Jesus, que fez o seu nome mais a atacar do que a defender. Todos os treinadores vão, com o tempo, perdendo ardor ofensivo (Pedroto, Mourinho, Van Gaal) e Jesus também - não é só nos golos, é também na atitude em geral sobre o jogo. Tudo em favor do realismo, mais aborrecido como jogo, mas mais produtivo pontualmente.
É que o Sporting (que tem os mesmos cinco golos sofridos do FC Porto) é o líder que menos golos encaixa nos principais campeonatos europeus (Bayern e PSG têm oito sofridos, com mais jogos, mas ainda assim a média dos clubes portugueses é melhor, porque não chega a meio golo por jogo). Nas cinco últimas épocas, no Benfica, o score de golos sofridos foi sempre a descer - 30, 27, 20, 18, 16. Chama-se a isto aprender com os erros.
De resto, na I Liga, a diferença entre Sporting e FC Porto é o Marítimo - o Sporting ganhou 1-0, os dragões empataram e Maxi mandou uma bola à barra no último lance do jogo, com Salin batido.