Jesuítas americanos revelam lista de padres abusadores
Os jesuítas americanos da Província do Maryland revelaram uma lista de 13 padres que foram credivelmente acusados de abuso de crianças desde a década de 1950, segundo o jornal The Washington Post. Na lista divulgada pela Província de Maryland da Companhia de Jesus há cinco padres ainda vivos, três que já deixaram a congregação e outros cinco que morreram entretanto.
"Lamentamos profundamente o dano que causámos às vítimas e às suas famílias. Também pedimos desculpas por participar no mal que estes abusos têm provocado à nossa Igreja, uma Igreja que amamos e que prega o cuidado de Deus para com todos, especialmente os mais vulneráveis entre nós", sublinhou Robert M. Hussey, líder provincial de Maryland numa carta que acompanha a lista detalhada de nomes e acusações, divulgada esta segunda-feira.
"O povo de Deus sofreu e exige, com razão, transparência e responsabilidade. Esperamos que a divulgação destes nomes contribua para a reconciliação e a cura [desta dor]", nota o texto, que se refere a abusos praticados em Washington e outros oito estados.
O pedido de perdão não é para menos: os padres foram acusados de abuso de menores ensinaram em escolas secundárias, incluindo o Gonzaga College em Washington DC; em faculdades, incluindo a Universidade St. Joseph, de Scranton, na Pensilvânia, e a Wake Forest, na Carolina do Norte, outras; no Hospital Universitário da MedStar Georgetown; e nas igrejas da capital e de Baltimore; e outras instituições.
Apesar da maioria das acusações ter mais de meio século, mas há casos mais recentes. A lista revela aliás que alguns padres só foram suspensos do seu ministério bem depois de 2002, quando o jornal Boston Globe denunciou uma teia de abusos na Igreja Católica (história mais tarde contada no filme Spotlight) e os bispos comprometeram-se a erradicar os padres abusadores.
Em Portugal, a Companhia de Jesus avançou com um manual de prevenção e combate à pedofilia, o primeiro do género na Igreja portuguesa. Nessa primeira versão do "Manual SPC - Sistema de Proteção e Cuidado de Menores e Adultos Vulneráveis", disponível desde junho, recorda-se a obrigatoriedade de que qualquer crime seja denunciado e comunicado a quem de direito.
"Estando em causa a prática de um crime, qualquer entidade com competência em matéria de infância e juventude - como é o caso das estruturas pertencentes à Companhia de Jesus que desenvolvem atividades nas áreas da infância e juventude - está obrigada a comunicar de imediato ao Ministério Público ou às entidades policiais os factos que tenham determinado a situação de perigo", argumenta o documento, revelado pelo DN em outubro passado.
Com cerca de 80 páginas, o documento destina-se a todos os que trabalham, sejam religiosos ou não, com a Companhia de Jesus em Portugal, uma organização vocacionada para o ensino e para o trabalho com jovens.
[notícia atualizada às 19.15 com a referência à Companhia de Jesus em Portugal]