Jerónimo ignora PS na análise das autárquicas

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O PCP celebrou ontem, com um comício em Lisboa na zona da Expo, os seus 84 anos de vida. E para tentar demonstrar que a idade não é problema, Jerónimo de Sousa, no seu discurso, puxou pelos galões do que classificou como "um importante êxito eleitoral". Referia-se claro aos resultados das legislativas, realizadas faz hoje duas semanas. O secretário-geral comunista defendeu que o XVII congresso do partido, que teve lugar no fim do ano passado e que o elegeu para líder, foi essencial para o tal êxito eleitoral, colocando a CDU como terceira força política e fazendo crescer o número de votos (mais 55 mil) e o número de deputados eleitos de 12 para 14 "Está patente nas suas decisões, na unidade, coesão e combatividade demonstradas, que revelaram que somos um partido vivo e determinado."

ataque ao bloco. Depois da 'prova de vida' do PCP, Jerónimo dedicou-se ao exercício do comentário político. De facto, a segunda metade do seu discurso foi preenchida com a crítica a todos os que prognosticaram um mau resultado para os comunistas e, sobretudo, a todos os que disseram que, com a sua subida a secretário-geral, o discurso e a prático do PCP iria endurecer. "Julguem-nos pelo que somos e defendemos. E afastando preconceitos e rótulos, verificarão que este Partido Comunista Português ocupa um papel e um lugar insubstituíveis na democracia portuguesa", disse Jerónimo de Sousa.

Ou seja, para o líder comunista, as propostas é que contam - a exemplo do que se passou na última campanha eleitoral, em que a CDU optou por um discurso contra os fait-divers - e, por isso, passou a elencar as várias propostas que irão ser levadas ao Parlamento, logo na reabertura dos trabalhos.

Neste ponto, Jerónimo de Sousa defendeu que as despesas com o investimento não contém para o défice e foi bastante cáustico quanto à possibilidade de vir a ter apoios à esquerda para a revogação do Código de Trabalho (CT). Lembrando a "manobra dilatória do PS" ao propor no seu programa a constituição de uma comissão de avaliação dos impactos da aplicação do CT, Jerónimo arrasou pelo caminho o Bloco de Esquerda (BE).

"Por coincidência (ou talvez não) eis que surge o BE enfeitado pelo verbo radical do costume a propor também a criação de uma comissão para rever o Código até ao Verão, ou seja lá mais para o Verão." Mas a crítica aos "fogaréus" do BE, como lhe chamou, não se ficou por aí. Jerónimo de Sousa avançou que os bloquistas querem "distanciar a questão da IVG [aborto] lá para depois do referendo", o que consubstanciará, a juntar a outros temas, um exemplo de alinhamento com o PS.

A terminar, o líder comunista fez a sua primeira abordagem ao tema das autárquicas, que se deverão realizar no final deste ano.

Jerónimo de Sousa apelou à mobilização do partido, sem nunca se referir a coligações à esquerda - com o PS. "Vamos para estas eleições (...) seguros do nosso projecto autárquico e do património de trabalho", disse.

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