Jardel regressa a Portugal para voltar a 'lembrar-se' dos golos
Mário Jardel, o avançado que marcou 234 golos em seis épocas no futebol português, teve de puxar pela memória durante uns longos segundos quando lhe perguntaram qual o último golo que conseguiu. "Foi pelo Goiás, no ano passado", saiu-lhe a custo. A imagem poderia funcionar como um bom resumo biográfico de "SuperMário", o goleador caído em desgraça, que ontem voltou a assinar por um clube português, o Beira-Mar, para tentar resgatar a carreira aos 33 anos.
Dez anos depois de ter chegado a Portugal pela primeira vez, para jogar no FC Porto, Jardel assume que é "a saudade" que o faz mover. Saudades "dos filhos" (que vivem em Portugal com a mãe, Karen) e saudades "dos golos". Apostado em reabilitar-se - não passou despercebida a presença de uma nova companheira -, retoma o discurso de sempre: "Quero ser o melhor marcador de Portugal. Seria bom para o meu ego voltar aos destaques dos media."
Os golos continuam uma presença constante no discurso de Jardel. E espera o brasileiro que o voltem a ser também no seu jogo. Mário Jardel quer ultrapassar a amnésia de golos - só marcou um nas últimas três épocas, em que andou a saltar de clube em clube (Bolton, Ancona, Palmeiras, Newell's, Alavés e Goiás). Repetir os 42 de 2001/2002 com a camisola do Sporting parece uma utopia, mas ele não desarma. "Claro que é mais fácil marcar 30 golos no Benfica do que no Beira-Mar, mas ponham a bola na área...".
"Não é um risco contratar Jardel nesta altura?", pergunta-se-lhe. "Risco? Isso tem de perguntar para o presidente, eu só quero pensar em coisas positivas agora", responde. Por isso, diz, aceitou com motivação o convite do Beira-Mar. "Se estou feliz? Olha para a minha cara... Estou bem, com saúde, estou feliz claro."
Apesar do impacto mediático, o melhor goleador das últimas décadas do futebol português não conseguiu chamar um único adepto às bancadas do Estádio de Aveiro no dia da apresentação. Uma estratégia falhada? "Não o contratámos a pensar nisso [trazer mais público]. Foi só pelo plano desportivo", referiu ao DN o presidente do Beira-Mar, Artur Filipe, que admitiu que Jardel "passa a ser o jogador mais caro" do plantel, "mas sem termos entrado em nenhuma loucura", garante. Quanto a garantias de que Jardel esteja completamente recuperado, Artur Filipe é peremptório: "Acreditamos na palavra dele. E, depois, quem não arrisca não petisca."
Além de Jardel, o Beira-Mar apresentou ontem também o guarda-redes búlgaro Todor Angelov (ex-CSKA Sofia).