Japão ignora protestos e reinicia reator
Para o primeiro-ministro Shinzo Abe, a energia nuclear, mais barata, é essencial ao desenvolvimento da economia japonesa - a terceira maior do mundo. Por isso ordenou o reinício do segundo reator da central nuclear de Sendai, situada na ilha de Kyushu. Mas quatro anos depois do sismo e do tsunami que destruiu a central de Fukushima, provocando o maior desastre nuclear desde Chernobyl em 1986 e levou ao encerramento de todas as instalações nucleares do país, os japoneses continuam desconfiados.
Depois da reativação do primeiro reator de Sendai em agosto, o segundo foi agora reiniciado, ficando operacional em novembro.
O executivo nipónico promete continuar a reativar os reatores que forem considerados seguros, garantiu o ministro de Estado, Yoshihide Suga. "Não há qualquer hipótese de a política do governo mudar", garantiu Suga em conferência de imprensa.
No momento da reativação, frente à central de Sendai reuniram-se uma centena de pessoas em protesto contra a energia nuclear. E o Greenpeace criticou "o desrespeito do governo Abe pela segurança pública". E sugeriu que o executivo devia antes "criar políticas que apoiem a transição para formas de energia limpa e renovável".
Ansioso por reduzir a fatura da energia, o primeiro-ministro quer que o nuclear contribua para 20% a 22% das necessidades energéticas do Japão em 2030. U m objetivo que muitos analistas consideram irrealista e que conta com a oposição da opinião pública. Todas as sondagens realizadas desde o acidente em Fukushima mostram que os japoneses são contra o nuclear, isto apesar de as contas da energia terem aumentado devido ao recurso aos combustíveis fósseis. Apesar dos desejos das autoridades de Tóquio, apenas sete dos 42 reatores nucleares japoneses deverão ser reiniciados nos próximos anos.
A oposição ao nuclear é a última dor de cabeça de Shinzo Abe. O primeiro-ministro conservador tem sido alvo de duras críticas devido à sua decisão de rever a Constituição para permitir aos militares japoneses participarem em operações no estrangeiro. Tal estava-lhes proibido desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Desde a aprovação da nova lei no Parlamento, Abe viu a sua popularidade e a do seu governo cair a pique. Um estudo do jornal Yomiuri Shimbun mostra que 51% dos inquiridos desaprovam a atuação do primeiro-ministro.