Jantar de líderes deixa futuro da UE fora do menu

Tusk adiou <em>brexit</em> para outubro, enquanto que união monetária será abordada em dezembro. Merkel reafirmou sintonia com França
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Nas últimas duas semanas, o futuro da Europa tem sido abordado frequentemente - primeiro por Jean-Claude Juncker no seu discurso do Estado da União, depois por Theresa May, que deu a conhecer a a sua visão do brexit, e por Emmanuel Macron. Ontem, os chefes de Estado e de governo da UE jantaram em Tallinn, mas na ementa, conforme anteviu o presidente do Conselho Europeu no seu convite, esteve uma discussão sobre quando temas como a saída do Reino Unido, a migração ou a união monetária começarão a ser abordados.

"Não podemos lidar, muito menos decidir, todas estas questões em Tallinn. Mas penso que este encontro será uma boa oportunidade para discutir como abordaremos este debate, particularmente tendo em conta as muitas vozes interessantes que ouvimos recentemente sobre substância, método e objetivos. Irei procurar as vossas orientações com vista a decidir, após a nossa discussão, como organizar o trabalho do Conselho Europeu sobre isto", referiu Donald Tusk na carta que dirigiu aos líderes europeus.

O polaco deixou ainda claro que no jantar de ontem "não existiriam textos em cima da mesa e não saíram conclusões escritas", tudo para permitir um "intercâmbio franco, aberto e informal sobre estes temas".

O encontro contou apenas com a presença de 27 líderes, pois o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, cancelou a sua participação devido à situação na Catalunha e para estar presente na aprovação do Orçamento de Estado. O líder do governo português, António Costa, esteve no jantar, mas falha a cimeira digital agendada para hoje por causa do último dia de campanha para as autárquicas.

A chanceler alemã, Angela Merkel - ainda a recuperar de um resultado eleitoral curto e a preparar-se para umas duras negociações para uma coligação governamental -, encontrou-se antes do jantar com o presidente francês, Emmanuel Macron, tendo afirmado que existe uma sintonia entre os dois países sobre o futuro da Europa. "Existe um grande consenso entre a Alemanha e a França. No entanto, devemos, naturalmente, ainda falar dos detalhes. Mas estou firmemente convencida de que a Europa não pode parar por aqui", disse Merkel.

De acordo com o plano apresentado pelo presidente do Conselho Europeu, a União Económica e Monetária será o tema de uma cimeira em dezembro, deixando a tomada de decisões concretas para o Conselho Europeu de junho do próximo ano. Tusk sugeriu ainda que no conselho de outubro se discuta a relação com a Turquia e que, em maio, se realize na Bulgária uma cimeira dos Balcãs Ocidentais. Para outubro fica também agendada um encontro a 27 (ou seja, sem Theresa May) para debater o brexit.

Ontem, precisamente, o negociador-chefe da União Europeia para o brexit, Michel Barnier, salientou haver uma "nova dinâmica" nas negociações com Londres, opinião secundada pelo seu homólogo britânico, David Davis, no final da quarta ronda negocial. Barnier, no entanto, salientou não haver ainda "progressos suficientes", enquanto que Davis considerou terem sido dados nesta ronda negocial "passos em frente decisivos".

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