Jake Gyllenhaal: "A minha orelha esquerda congelou por completo"
É um daqueles atores viciado em adrenalina? Onde encontra a sua adrenalina?
Basta representar num filme. Não sou um viciado em adrenalina. O que acontece é que amo contar histórias, amo mesmo, mesmo muito, e sou capaz de tudo para encontrar um caminho de construção de personagem. E é aí que acabo por conhecer-me a mim próprio. Com isso, fico a conhecer o mundo, acabo por conhecer pessoas reais próximas da personagem. De repente, a nossa capacidade de julgar e sentir muda.
Ultimamente tem feito papéis que o levaram aos extremos e a transformações físicas no limite, como Nightcrawler - O Repórter, onde muda por completo a sua aparência física...
Decidi ultimamente que iria aceitar papéis que me permitissem estar muito tempo na fase de preparação, enfim, dedicar-me mais tempo às personagens. E a preparação é a chave. Representar é ainda uma arte e durante uns tempos tinha perdido essa ideia. Há uns anos parei e pensei: a minha devoção vai ser a quê? Representar é uma arte e eu quero aprender mais sobre ela, quero explorar e saber mais ângulos e aspetos. A parte do nosso corpo é apenas uma das componentes, mas a mente e o cérebro são outras - cérebro e mente não são a mesma coisa. Dessa forma, decidi aprender tudo isso de forma analítica. Isso foi a descoberta inicial. Depois, a mente abre-se para outras viagens mais criativas, do género como é que o meu corpo cabe dentro da personagem. No caso do boxe, é daqueles desportos que se aprende. Tive de aprender a modalidade para poder fazer Southpaw [filme de Antoine Fuqua, ainda sem estreia marcada para o nosso país]. Por exemplo, em Nightcrawler - O Repórter, imaginei aquela personagem bem diferente de mim. Como tal, pensei que era importante mudar o meu aspeto físico para que ele se impusesse. Senti que ele se impunha dessa maneira, uma maneira menos verbal. Há muitas formas de compor uma personagem, temos de as ir descobrindo pelo caminho. Adoro criação. Alguém ainda hoje mencionou que o que faço é auto-tortura, mas não! Crio e não destruo, são coisas diferentes.