Já viram os dois novos bebés do Jardim Zoológico de Lisboa?
Todas as manhãs, assim que Ana e Laurinda entram na "box" para colocar ramos frescos de bambu espalhados pelo chão e pela ponte de madeira, os quatro pandas vermelhos começam a descer dos ramos mais elevados, aproximam-se sem medos para comer as folhas verdes e para brincar. "São muito brincalhões", confirmam as tratadoras. Claro que as duas crias - com apenas cinco meses - se enrolam em cambalhotas com a mãe, mas até mesmo o pai, um macho já com nove anos, não fica de fora da brincadeira. Os dois bebés são a mais recente atração do Jardim Zoológico de Lisboa. E podem não ser brancos e pretos e gigantes como são os pandas que todos imaginamos mas fazem as delícias dos visitantes. É aproveitar porque, quando tiverem dois anos, é provável que as crias façam as malas e partam para outro local. "Não podemos ter os pais e os filhos juntos, para não procriarem. Este casal já teve uma cria antes e também já se foi embora", explica Laurinda. Trata-se de uma espécie em perigo de extinção e é importante assegurar que se reproduzem. Esta é uma das funções do zoo que nem todos conhecem.
Fundado em 1884, o Jardim Zoológico nem sempre esteve instalado em Sete Rios. Começou por estar em São Sebastião da Pedreira e depois perto da Praça de Espanha e só a 28 de maio de 1905 foi inaugurado o novo Zoo num espaço oferecido pelo conde de Farrobo. Nessa altura, o Jardim Zoológico tinha como principal objetivo mostrar à população os animais exóticos, vindos das colónias e de outros territórios. "Havia um desconhecimento quase total sobre os animais" conta Laura Dourado, que já foi guia e agora trabalha no departamento de marketing. "As grandes preocupações eram com a segurança (daí as grades) e a limpeza (e por isso é que as jaulas eram em cimento e azulejos). O mais importante não era o bem estar dos animais, era que as pessoas conseguissem vê-los."
Outros tempos. Nos últimos 30 anos, o Jardim Zoológico de Lisboa tem sofrido profundas alterações, assim como os zoos um pouco por todo o mundo. Hoje, já quase não há jaulas e as antigas instalações que subsistem estão integradas em novas instalações muito mais naturais. "Atualmente, os nossos objetivos são o estudo científico, a preservação dos animais em perigo e a sua reintegração no ambiente natural", explica Laura Dourado. A vegetação abunda, há animais de diferentes espécies a conviver no mesmo espaço, há animais que quase parecem estar livres à nossa frente. E, se visitarem o jardim num dia de muito calor ou de muita chuva, é provável que não consigam ver alguns dos animais: eles escondem-se, encolhem-se, desaparecem por entre as árvores, vão dormir para o seu abrigo. Faz parte da experiência andar à procura de um lince no meio da mata ibérica e até pode acontecer nem sequer chegar a vê-lo. Voltem mais tarde, venham mais vezes. Experimentem ir num dia de semana no outono e surpreendam-se com a inexistência de filas ou de multidões. E assim poderão ver com muito mais atenção os cerca de 2 mil animais de 300 espécies que ali vivem.
Se forem hoje, além dos animais terão ainda oportunidade de ver o Pai Natal que chega por volta das 11 horas, que é a hora do concorrido espetáculo dos golfinhos - mas em vez de vir de trenó virá no teleférico - e irá estar por ali, numa casa instalada junto à árvore de natal, na zona de acesso livre, todos os fins de semana de dezembro.