"Já não fico nervoso nos Jogos. É quase como uma regata de fim de semana"

Aos 38 anos, Gustavo Lima prepara-se para disputar a sua quinta olimpíada na cidade onde nasceu. E não esconde que gostava de ser o porta-estandarte da comitiva portuguesa
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Para quem nasceu no Rio de Janeiro, era quase obrigatório marcar presença nestes Jogos Olímpicos?

Sim, era um pensamento constante na minha cabeça. Serão uns Jogos diferentes, com uma mística especial. Apesar de ser português e de viver em Portugal há muitos anos, tenho família e raízes no Brasil. Os meus pais foram para lá viver no 25 de Abril e nasci lá. Só vim para Portugal com três ou quatro meses. A qualificação era um objetivo que perseguia há muito. Além do mais, vou disputar os Jogos pela quinta vez. É uma marca importante, até porque o número dos Jogos é o cinco. Por todo esse simbolismo, queria muito estar presente no Rio.

O que representa para si estar pela quinta vez consecutiva numas olimpíadas?

É o culminar de uma carreira de grande determinação e dedicação, com muito mais momentos bons do que maus. Nomeadamente, as participações olímpicas. Entre 2000 e 2008 fiz excelentes resultados: um sexto, um quinto e um quarto lugares. Só faltou a medalha. São 20 anos dedicados ao desporto e à modalidade de que mais gosto, a prova de que, com resiliência, tudo se consegue. Fiz muitos sacrifícios, mas valeu a pena.

Serão os seus últimos Jogos...

Bom, os últimos não sei. Felizmente, é possível velejar até bastante tarde e, apesar de a classe Laser ser muito exigente para o físico, penso que consegui alcançar uma grande longevidade. Tive sempre a cabeça muito assertiva. Por isso, não posso afirmar com certeza que serão os meus últimos Jogos. O futuro é incerto e os resultados também são importantes para essa definição.

Tem outras opções?

Já recebi várias propostas para competir noutro tipo de embarcações não olímpicas. Neste momento, por exemplo, faço parte de um projeto na classe Dragão, em que três velejadores competem na mesma equipa. Requer muito mais estratégia e menos físico. Chegou a ser uma classe olímpica, mas já não é. De qualquer forma, também ajuda a equilibrar o orçamento e permite-me participar em mais competições internacionais, até porque só agora que garanti a qualificação para o Rio é que comecei a receber os apoios do projeto olímpico.

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