Ivone foi uma das primeiras mulheres na GNR da Régua e vai ser homenageada
A Câmara de Peso da Régua celebra o Dia Internacional da Mulher com uma homenagem às mulheres, naturais ou que trabalham no concelho, e que prestam serviço nas forças armadas e de segurança.
Ivone Borges, 41 anos, sempre quis usar farda. É guarda há 15 anos e foi uma das primeiras mulheres a chegar ao posto da GNR da cidade duriense, bem como ao comando territorial de Vila Real.
Sabe que quando chegou causou "impacto", porque na altura havia poucas mulheres guardas, mas depois, com o tempo, as pessoas foram-se habituando.
" Agência Lusa afirmou que nunca se sentiu discriminada pelos colegas, nem pela população em geral. "Pelo contrário, até acho que nos respeitam mais a nós do que às vezes aos homens", salientou.
Ivone faz parte do Núcleo de Programas Especiais da GNR e trabalha com as escolas, crianças e professores, e com a população mais idosa. Nestes anos de serviço sente que houve coisas que a marcaram.
"Coisas que a gente vê e que pensa que já não era possível ver. Quando andamos a fazer ações com os idosos magoa-me muito ver que ainda há idosos a viverem em condições que eu pensava que já não existissem", sublinhou.
Esta guarda concilia o trabalho com os três filhos. O marido é polícia em Lisboa.
"Sou eu que tenho que gerir isto tudo. É um pouco complicado, mas tudo se faz, tudo se resolve", referiu.
Conjuntamente com Ivone, são mais duas as mulheres que trabalham na GNR da Régua: Andreia Martins e Sónia Raínho. No total são 92 os homens que prestam serviço entre o posto local e o comando do destacamento.
Andreia é madeirense e casou em Vila Real. Tem dois filhos e tem também de fazer "muita ginástica" para conciliar a vida particular com a profissional. "O ser mãe preenche-nos, mas precisamos também da nossa vida profissional", frisou.
Passa os dias entre o serviço de atendimento ao público e de patrulha e garante que, em oito anos na GNR, nunca se sentiu tratada de forma diferente por ser mulher.
Entre os colegas até diz que se sente "super protegida". "Eles têm sempre muito cuidado e quando vamos a alguma situação mais violenta, tentam sempre que não sejamos nós a ir na frente. Sinto que existe alguma proteção, nunca discriminação", sublinhou.
O capitão Fernando Colaço, comandante do destacamento territorial da Régua, referiu que os militares da GNR, homens ou mulheres, "têm um serviço muito semelhante".
"Claro que cada um tem as suas mais valias, cada um tem mais qualidades para determinado tipo de serviço, mas não existe qualquer tipo de distinção", acrescentou.
Fernando Colaço aponta uma "maior sensibilidade" por parte da mulher para, por exemplo, lidar com crianças ou com outras mulheres.
A cerimónia de homenagem realiza-se na sexta-feira, dia 09 de março. A Câmara da Régua distingue mais sete mulheres que trabalham na Força Aérea, Marinha, Exército e na PSP.
A título póstumo a autarquia homenageia ainda Arminda Monteiro, militar do Exército que faleceu de doença depois de uma missão no estrangeiro.