Itália vai restaurar catedral de Odessa atingida por mísseis

O executivo de Roma justifica a intervenção em memória de uma longa e riquíssima história de intercâmbios entre Odessa e a cultura italiana.
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Itália vai ajudar a restaurar a catedral ortodoxa de Odessa, gravemente danificada durante um ataque russo, fazendo uso da sua tradição de restauro e em homenagem aos laços culturais com a Ucrânia, anunciou esta sexta-feira o Governo de Giorgia Meloni.

Num comunicado esta sexta-feria divulgado pelo Palácio Chigi, o Governo italiano revela que envolveu no processo "duas das instituições culturais italianas mais autorizadas, a Trienal de Milão (museu de arte e design) e o Maxxi de Roma (museu nacional de arte do século XXI), com o objetivo de reunir as melhores energias económicas, técnicas e culturais capazes de contribuir para o restauro da Catedral da Transfiguração", localizada no centro histórico de Odessa, no sul da Ucrânia.

O executivo de Roma justifica a sua intervenção "em memória de uma longa e riquíssima história de intercâmbios entre Odessa e a cultura italiana, que levou arquitetos italianos a conceberem os planos e os edifícios mais representativos da cidade no final do século XVIII".

"A tradição das escolas italianas de restauro, entendidas como departamentos universitários, institutos profissionais, ateliers e laboratórios, coloca-se agora à disposição de um projeto de recuperação e valorização das paredes e dos frescos atingidos pelas bombas russas, marcando assim uma antiga amizade entre dois povos e um efetivo renascimento da cidade", conclui o comunicado.

Na noite de 23 de julho passado, bombardeamentos das forças russas danificaram gravemente a grande catedral ortodoxa da Transfiguração, fundada em 1794 e reconstruída em 2005 após a sua destruição pela então União Soviética em 1936.

O Kremlin (Presidência russa) negou ter bombardeado a catedral, assegurando que a destruição foi causada por mísseis antiaéreos ucranianos, disparados para intercetar os mísseis russos que caíram sobre a cidade.

No início desta semana, a diretora do gabinete da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) na Ucrânia, Chiara Dezzi Bardeschi, adiantou, após uma missão da organização à cidade, que a catedral sofreu "danos maiores do que os inicialmente estimados", depois de Kiev ter apontado que o altar do templo ficou completamente destruído e a estrutura de sustentação do prédio danificada.

Importante porto no mar Negro, Odessa, cujo centro histórico foi listado no início deste ano pela UNESCO como Património da Humanidade, tem sido alvo de vários ataques pela Rússia, com as forças russas a visarem especialmente os terminais de exportação de cereais, mas atingindo também infraestruturas civis e monumentos.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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