Itália resolve confusão que justiça espanhola criou

CONI tira 'Operação Puerto' do congelador e avança com processo contra Alejandro Valverde. Procurador 'antidoping' tem provas contra o popular ciclista espanhol
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O Comité Olímpico Italiano (CONI) conseguiu o que a União Ciclista Internacional (UCI), a Agência Mundial Antidopagem (AMA) e o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) andam há meses a pedir à justiça espanhola: as provas do alegado envolvimento de Alejandro Valverde no extenso esquema de doping desmantelado em 2006 pela Guarda Civil de Espanha, na "Operação Puerto".

A principal prova é a comparação de ADN entre uma amostra cedida por Valverde, no final de uma etapa da Volta à França, e o plasma, com vestígios de eritropoietina, de uma das 200 bolsas de sangue apreendidas pelas autoridades policiais. O juiz de instrução António Serrano sempre rejeitou ceder à justiça desportiva os elementos recolhidos pela Guarda Civil. Por isso a grande maioria dos ciclistas apontados como alegados clientes da rede ficou num limbo legal: não foram formalmente acusados, mas, como eram suspeitos, foram afastados do escalão de elite e tiveram de ir para equipas de escalões inferiores, várias em Portugal.

As excepções foram os corredores não espanhóis. Tanto a Itália como a Alemanha foram pedindo elementos a Serrano e o juiz sempre cumpriu as cartas rogatórias. "UCI, TAS e AMA são organismos privados, enquanto nós somos administração pública, um poder estatal. Levámos meses a colaborar com o juiz Serrano, a trabalhar com seriedade, discrição e reserva", explicou ao El País Marco Arpino, director do departamento antidopagem do CONI, organismo que também recebeu ajuda da Interpol e de juízes italianos e que pretende avançar com processos a outros ciclistas não italianos.

Mas, se as autoridades públicas de países europeus conseguiram dados do inquérito judicial, os organismos estatais espanhóis, como o Conselho Superior de Desportos, não seguiram esse caminho e têm optado por apoiar Valverde publicamente, insistindo que não há provas contra o ciclista murciano. Perante o ressurgimento das acusações, Valverde voltou a negar o recurso ao doping.

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