Israel expande operações e diz que guerra durará "muitos mais meses"

Chefe do Estado-Maior israelita alega que Hamas está quase destruído no norte do enclave palestiniano, com foco a passar agora para o centro e o sul. ONU nomeia neerlandesa Sigrid Kaag.
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O chefe do Estado-Maior de Israel, Herzi Halevi, avisou que a guerra na Faixa de Gaza vai durar "muitos mais meses", numa altura em que as operações vão ser alargadas no centro e no sul do território, após uma primeira fase em que estiveram concentradas no norte. "Não há soluções mágicas, não há atalhos para desmantelar uma organização terrorista, só combates determinados e persistentes", indicou após visitar o enclave, insistindo que as forças israelitas estão "muito determinadas". "Vamos alcançar a liderança do Hamas, quer isso demore uma semana ou meses", acrescentou apesar dos apelos internacionais a um cessar-fogo.

Depois do ataque terrorista do Hamas contra Israel a 7 de outubro, que fez mais de 1200 mortos segundo Telavive, o governo de Benjamin Netanyahu respondeu com uma declaração de guerra, iniciando de imediato os bombardeamentos contra a Faixa de Gaza. Seguiu-se a operação terrestre, a partir de 27 de outubro, destinada não apenas a destruir o Hamas, mas também libertar os cerca de 240 reféns que tinham sido sequestrados no dia do ataque.

Desde 7 de outubro, segundo as contas do Ministério da Saúde de Gaza (controlado pelo Hamas), já morreram quase 21 mil palestinianos e outros 55 mil ficaram feridos. Um cessar-fogo de sete dias, que acabou no dia 1 de dezembro, permitiu libertar uma centena de reféns em troca de presos palestinianos. Desde então, tem havido pressão para nova pausa nos combates, que já obrigaram milhares a fugir para sul, onde passam fome e enfrentam o risco de doenças. Do lado israelita, já morreram 161 militares, três deles esta terça-feira.

"As IDF [sigla em inglês das Forças de Defesa de Israel] estão próximo de completar o desmantelamento dos batalhões do Hamas no norte da Faixa de Gaza", disse Halevi, depois de ter visitado as tropas no enclave palestiniano. "Agora, estamos a concentrar os nossos esforços no sul da Faixa de Gaza, Khan Younis, os campos no centro e mais além. E vamos continuar a preservar e aprofundar as conquistas no norte", indicou o chefe do Estado-maior, reiterando que ainda é possível encontrar militantes do grupo terrorista nesta região e que a missão não está concluída.

As Nações Unidas mostraram-se "seriamente preocupadas" com os bombardeamentos na zona central de Gaza, nos quais terão morrido mais de cem palestinianos desde a véspera do Natal. "As forças israelitas devem tomar todas as medidas para proteger os civis. Avisos e ordens de retirada não as absolvem de todas as obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional", indicou o porta-voz do gabinete de Direitos Humanos da ONU, Seif Magango, citado pela Reuters.

Uma chamada de atenção que Israel deverá ignorar, com o chefe da diplomacia, Eli Cohen, a anunciar na segunda-feira que o seu país já não ficará "em silêncio diante da hipocrisia da ONU". Israel acusa as Nações Unidas de "cooperar com a propaganda da organização terrorista do Hamas", apontando não apenas o dedo ao secretário-geral, António Guterres, mas também a outros organismos. Os israelitas já não dão automaticamente vistos aos funcionários da ONU, dizendo que analisam caso a caso os pedidos.

As Nações Unidas nomearam entretanto a vice-primeira-ministra e titular das Finanças do governo demissionário neerlandês, Sigrid Kaag, para o cargo de coordenadora humanitária para Gaza. A nomeação surge depois da votação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, na semana passada, ter aprovado (com a abstenção dos EUA e da Rússia) uma resolução que prevê um aumento da ajuda humanitária para Gaza. Kaag, uma diplomata que começou a trabalhar em 1994 na ONU e que foi entre 2015 e 2017 coordenadora especial para o Líbano, começa a trabalhar no dia 8 de janeiro.

Uma alegada explosão junto à embaixada israelita em Nova Deli, na Índia, não fez qualquer ferido, estando o caso a ser investigado pelas autoridades. As missões diplomáticas de Israel têm estado sob alerta em todo o mundo, devido ao aumento do antissemitismo desde o início da guerra em Gaza.

Segundo os jornais indianos, a polícia encontrou uma carta "abusiva" que tinha como destinatário o "embaixador" no local para onde tinha sido chamada devido a uma "explosão". Esta terá sido ouvida por vários funcionários, mas não era claro se haveria ou não um engenho explosivo no local.

O Conselho de Segurança Nacional de Israel emitiu entretanto um alerta a todos os israelitas que vivem na Índia, particularmente em Nova Deli, para que redobrem a cautela depois do incidente. Os conselhos passam por evitar locais movimentados, como mercados, assim como outros associados com judeus os israelitas, evitando usar símbolos que os identifiquem.

susana.f.salvador@dn.pt

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