ISEC Lisboa une-se à UNESCO para transformar e educar a cidade
"A Cidade que Educa e Transforma". Cerca de três anos após o consórcio que deu origem a uma candidatura à Cátedra UNESCO, nasce agora o projeto do Instituto Superior de Educação e Ciências (ISEC Lisboa) que quer unir várias instituições académicas dos PALOP para transformar e promover o conhecimento.
Em conversa com o DN, a diretora do ISEC Lisboa, Cristina Ventura, conta que esta iniciativa nasceu em plena pandemia, "de uma ligação que a instituição tem desde os seus primórdios, com o Movimento Internacional das Cidades Educadoras". "Portugal tem neste momento 90 cidades educadoras e nós somos 300 municípios. Logo, já temos cerca de um terço de cidades educadoras", explica.
Esta cátedra - a 20.ª atribuída a uma instituição de ensino portuguesa - une 12 instituições de ensino superior nacionais, do Brasil e da Guiné-Bissau. Porém, segundo a diretora, "o objetivo é expandir", podendo alcançar outras instituições de ensino superior que estejam interessadas na iniciativa.
"A nossa primeira ambição é que este triângulo virtuoso que hoje une Portugal, Brasil e Guiné Bissau, se transforme, também ele, numa plataforma poliédrica disseminada pelas distintas geografias da língua portuguesa", frisa.
A cátedra liderada pelo ISEC e suportada por uma rede internacional, tem quatro objetivos prioritários para construir "o imaginário de cidades, grandes e pequenas, onde cada cidadão seja o porta estandarte dos ideais de inclusão, portador de valores solidários, feroz combatente das desigualdades", que passam por "produzir um sistema integrado de investigação, formação e disseminação do conhecimento no âmbito das cidades educadoras que possa contribuir para modelos de governo local que estejam alinhados com os princípios do projeto", sublinha Cristina Ventura.
Além disso, os objetivos visam também "identificar as boas práticas das cidades educadoras e as respostas que têm conseguido dar à educação, estendendo essas boas práticas aos territórios que ainda não são cidades educadoras".
Por fim, o projeto procura ainda "construir e realizar soluções que possam ser oferecidas aos governos locais" e que resolvam os problemas apresentados pelas entidades.
Para conseguir alcançar as metas e tornar estes sonhos realidade, as cátedras UNESCO têm ao seu dispor atividades de "práticas de investigação, desenvolvimento de formação, disseminação do conhecimento e projetos de cooperação com a sociedade civil", que ajudarão os docentes e investigadores, bem como os alunos, a avançar com o mote de "A Cidade que Educa e Transforma".
"Uma cidade só é educadora se em cada rua, em cada bairro, museu e freguesia efetivamente existirem oportunidades para educar os cidadãos. O ensino superior tem de lá estar e deve ser próximo do cidadão", diz Cristina Ventura, realçando o importante papel da educação como ferramenta de transformação social. Nesse sentido, a diretora relembra ainda a missão dos jovens estudantes dos cursos superiores de educação - que serão os futuros professores de Portugal.
Além da recente aposta na gestão autárquica, oferecer formação em hospitalidade especializada na saúde está nos planos do ISEC Lisboa para um futuro próximo, uma vez que a instituição de ensino superior privado considera que "se o ensino superior quer transformar, tem também de ser transformado".
Segundo Cristina Ventura, em Portugal "fala-se na hospitalidade sempre relacionada com o conceito de turismo ou hotelaria". Contudo, e por esse motivo, o ISEC tem interesse em direcionar o pensamento para a lógica da saúde e na recuperação dos doentes internados, querendo oferecer uma formação superior nessa lógica.
"Os cuidados de saúde já não são apenas algo secundário. Todo o cuidado e as condições que o paciente precisa de ter na unidade de saúde para a sua recuperação são muito importantes", reitera a diretora. Logo, "este curso trata de todas as condições de bem-estar do doente que não envolvem condições clínicas. Não existe formação neste setor em Portugal", frisa.
Isto porque "é preciso que a saúde das populações melhore significativamente", tendo em conta a elevada tendência de envelhecimento. Nesse sentido, "dar formação a quem nunca trabalhou com os problemas da área da saúde pode ser um ponto de partida", conclui.
ines.dias@dn.pt