Isabel dos Santos: "Quem beneficia disto?"
"Em nenhuma parte destes documentos ou na sua divulgação foi demonstrado qualquer comportamento ilegal da minha parte ou das minhas empresas. É preciso questionar: quem beneficia do crime de obtenção ilegal destes documentos?"
É a pergunta que Isabel dos Santos deixa num comunicado enviado nesta noite às redações, em reação às notícias que desde sábado têm sido veiculadas pelos media, na sequência do caso que motivou o arresto das suas contas e participações empresariais em Angola. O arresto foi decidido numa providência cautelar ligada ao processo em que o Estado angolano reclama mil milhões de euros à empresária, que acusa de ter obtido aquelas empresas e acedido a financiamento e fundos do Estado irregularmente, enquanto o pai, José Eduardo dos Santos, era presidente.
"As alegações que estão a ser feitas contra a minha pessoa são completamente infundadas. Trata-se de um ataque político orquestrado e bem coordenado, numa tentativa de me neutralizar", sublinha a empresária que em Portugal é acionista de empresas como a Galp, a Efacec, a NOS e o EuroBic - banco que nesta noite cortou todas as relações comerciais com Isabel dos Santos, que detém metade do capital da instituição.
Também o Banco de Portugal emitiu nesta noite um comunicado, afirmando estar atento à situação, tendo já pedido esclarecimentos ao EuroBic e garantido agir caso tal se configure necessário.
No comunicado emitido nesta noite, Isabel dos Santos lamenta que "mais de 700 mil documentos" tenham sido "ilegalmente pirateados" dos seus escritórios há sete meses e "transferidos para uma organização pouco conhecida sediada em Paris, de onde foram enviados para o ICIJ". E estranha que, "depois de tanto tempo a analisar os documentos", o consórcio de jornalistas que a acusa se baseie em "suposições".
"Quem beneficia disto?", questiona, para elencar em seguida quem nada ganha com o que considera ser uma campanha para a sua descredibilização: "Não são certamente os angolanos (...) que, como resultado desta campanha de perseguição política, milhares de empregos nas empresas angolanas das quais faço parte podem ser prejudicados."