Os novos limites ao subsídio de desemprego entram em vigor já este ano e os contribuintes terão o imposto sobre os rendimentos - salários, rendas e juros - (IRS) aumentado também este ano, de acordo com declarações de Teixeira dos Santos, ministro das Finanças. O Governo pode decidir aumentar, já em Abril, as retenções mensais na fonte em IRS, diminuindo as remunerações dos trabalhadores por conta de outrem..O aumento das retenções mensais de IRS - descontado pelas empresas e entregue ao fisco - terá efeito negativo nas remunerações nos finais de Abril. Em contrapartida, o Governo aumenta o encaixe fiscal por conta do reembolso do imposto a liquidar em 2011. Caso o Executivo opte por "ajustar" a retenção na fonte do IRS já em Abril, os empregados por conta de outrem irão receber menos dinheiro no final do mês..Teixeira dos Santos, em entrevista ao Jornal de Negócios, confirma que os limites às deduções fiscais e a nova taxa de 45% - a ser aplicada sobre rendimentos acima dos 150 mil euros - têm efeitos sobre os rendimentos auferidos já este ano. .Ainda não está definido o corte nas deduções ao imposto (ver caixa em baixo), mas o Executivo espera, no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), taxar entre os cem euros e os 700 euros, de acordo com os vários escalões de rendimentos, o que vai pesar na carteira de mais de três milhões de contribuintes..Só no aumento da receita com o IRS - por intermédio de menores deduções -, o Governo espera um encaixe de 400 milhões de euros por ano. No total, com a tributação das mais-valias e os limites aos benefícios fiscais às empresas,Teixeira dos Santos afirma que os cofres do Estado podem beneficiar com 800 milhões de euros, cerca de 0,5% da produção final do País (PIB)..Já depois de Teixeira dos Santos sinalizar "ajustes" na estrutura do subsídio de desemprego - afirmando que, em alguns casos, o subsídio aos desempregados possa ser inferior ao salário mínimo - também ontem, Helena André, ministra do Trabalho e da Segurança Social, revelou a vontade do Governo em limitar as transferências para os desempregados. .A intenção do Governo é "ajustar" em baixa o subsídio de desemprego e cortar a possibilidade de recusa ao trabalho com base em argumentos de que o salário oferecido não é "suficientemente atractivo"..Helena André afasta a possibilidade de retirar os apoios ao desemprego, mas deixa implícita a existência de abusos na atribuição e manutenção do subsídio. "Num momento em que os números do desemprego continuam elevados", afirma a ministra, citada pela agência Lusa, "e quando existem necessidades de mão-de-obra em vários sectores da economia, não podemos continuar com este paradoxo de existirem muitas pessoas desempregadas e, ao mesmo tempo, postos de trabalho que não são preenchidos"..Realçando que "todas as medidas que permitam apoiar os de-sempregados a voltar ao mercado de trabalho são para o Governo, objectivo prioritário", a ministra Helena André promete rever os subsídios "com os parceiros sociais, em sede de concertação social".