Irmã Lúcia era também Maria das Dores

Publicado a
Atualizado a

Religião. Fontes próximas recusam ideia de falsa identidade

A principal protagonista das aparições de Fátima, Irmã Lúcia de Jesus, continua a ser o centro das atenções mediáticas e a sua vida de clausura é ainda objecto de muitas interpretações. Desta vez, num artigo do jornal espanhol El País é descrito que a sua passagem pela Galiza, onde viveu 25 anos, foi sempre envolta em identidade falsa, para que a hierarquia da Igreja preservasse a sua 'história' de vida, longe do olhar dos crentes. Várias fontes, que conhecem a fundo o percurso da religiosa, desmentem categoricamente esta versão.

"Essa notícia só revela desconhecimento de quem não sabe como se processa a entrada de uma noviça numa instituição religiosa. Todas entram com nomes religiosos, diferentes dos seus nomes civis, e nunca é para esconder qualquer identidade", disse ao DN, uma fonte que privou de perto com Lúcia de Jesus, no Carmelo de Santa Teresa (Coimbra) e que conhece a fundo todo o percurso da vidente de Fátima.

O certo é que a religiosa, que morreu a 13 de Fevereiro de 2005 com 97 anos, vivendo em Coimbra desde 1948 até à data da sua morte, teve sempre "protecção do Vaticano" dada a especial condição relacionada com as Aparições na Cova de Iria (Leiria), explica outra fonte. "Em Espanha, ela chamou-se Maria das Dores. Em Portugal, foi Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.

Mas estas são as regras das ordens religiosas, nunca foram para ocultar a sua identidade. Aliás, isso acontece, por exemplo, com todas as carmelitas", asseverou ao DN outra fonte. Também outra fonte que contacta regularmente com as carmelitas de Coimbra, diz, num ápice: "Se ela estivesse escondida, também continuaria escondida aqui em Coimbra!".

Mas a religiosa não foi, de facto, uma entre as demais. Recorde-se que o actual líder da Igreja Católica, Papa Bento XVI, teve, durante anos, a guarda do 'terceiro segredo', texto que Lúcia legou na sequência da sua vida espiritual como vidente.

O então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, chegou a visitar a carmelita em Coimbra em Outubro de 1996, na vigência do Pontificado de João Paulo II, também ele um profundo devoto da mensagem de Fátima.

A vidente que mais anos viveu podia, sim, receber visitas, mas sempre com a devida autorização de Roma. Nestes casos, as entradas eram acompanhadas pelo Bispo da Diocese de Coimbra ou de outro representante da Igreja Católica. Por exemplo, quando o actor e realizador Mel Gibson esteve com a sua mulher no convento de Coimbra, o encontro, preparado com vários meses de antecedência, foi acompanhado pelo Padre Luís Kondor, vice-Postulador da Causa dos Videntes de Fátima.

O Vaticano sempre 'protegeu' a religiosa que, quando saía do convento (por exemplo, para votar), era alvo de enorme cobertura noticiosa.|

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt