Irão admite que entregou drones à Rússia, mas diz que foi antes da guerra

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Hosein Amir-Abdoulahian, admitiu este sábado que o seu país entregou um número "limitado" de drones à Rússia, mas esclareceu que o material foi enviado antes de se iniciar a invasão russa à Ucrânia.
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"Nós limitámo-nos a fornecer à Rússia um número limitado de drones, meses antes da guerra na Ucrânia", explicou o ministro iraniano, após semanas de acusações dos Estados Unidos e aliados ocidentais sobre o uso de drones iranianos pela Rússia.

Os Estados Unidos também acusaram o Irão de entregar mísseis - o que foi desmentido pelo ministro iraniano como "completamente erróneo" - assim como de enviar pessoal militar para a Crimeia, ocupada pela Rússia, para ensinar os russos como usar os drones e fornecer assistência técnica. O ministro iraniano não comentou estas acusações, segundo a Europa Press..

O exército ucraniano diz ter abatido centenas de drones kamikaze Shahed-136 de fabrico iraniano até agora, estimando-se que a Rússia tenha encomendado cerca de 2.400 drones deste modelo.

Amir-Abdoulahian chegou mesmo a culpar Kiev pela sua relutância em discutir esta questão, acusando a Ucrânia de ter faltado a uma reunição recentemente agendada sobre este assunto.

"Tínhamos marcado uma reunião para discutir este tema há duas semanas, num país europeu. A nossa delegação compareceu, mas infelizmente, após 90 minutos de espera, a delegação ucraniana não apareceu", disse o ministro, citado pela agência Tasnim, escreve a Europa Press.

O ministro iraniano pediu, de resto, às autoridades ucranianas que compartilhem com Teerão todas as provas sobre a utilização de drones iranianos em ataques na Ucrânia. "Se nos mostrarem que a Rússia usou drones iranianos na guerra contra a Ucrânia, não vamos ficar de braços cruzados", declarou, segundo a agência de notícias oficial iraniana Irna.

"A nossa posição em relação à guerra na Ucrânia é fazer parar o conflito, trazer as partes de volta às negociações e levar os refugiados de volta às suas casas", acrescentou.

A primeira resposta ucraniana partiu do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Oleg Nikolenko, que rejeitou as declarações do ministro iraniano, assegurando que a principal intenção é que tais ataques deixem de ocorrer e denunciando como falsa a alegada ausência da referida reunião.

"O Ministério das Relações Exteriores, chefiado por Dimitro Kuleba, bem como em estreita coordenação com as agências ucranianas relevantes, continuará a tomar as medidas mais rigorosas para impedir que a Rússia use armas iranianas para matar ucranianos e destruir as nossas infraestruturas críticas", disse, citado pela Europa Press.

"Teerão deve perceber que as consequências da cumplicidade nos crimes de agressão da Federação Russa contra a Ucrânia serão muito mais amplas do que o benefício do apoio da Rússia", concluiu.

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