Ir a Roma e ver Francisco: a sorte de três jovens portugueses

Papa promove, a partir de amanhã, reunião pré-sinodal com mais de 300 jovens de todo o mundo e de diferentes movimentos
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Rui, Joana e Tomás ainda não se conhecem. Os três jovens portugueses que hoje viajam para Roma não conseguiram juntar-se em Portugal mas têm já um encontro marcado no Vaticano, à margem da reunião pré-sinodal que juntará nesta semana 315 jovens de continentes, países e confissões diferentes.

A reunião - inédita - promovida pelo Papa Francisco pode ser acompanhada via internet por qualquer jovem que se tenha inscrito até à passada sexta-feira, de acordo com o desafio lançado pela Igreja em todo o país. Mas lá, há dois rapazes e uma rapariga a quem saiu a sorte grande. Vão participar na reunião preparatória do sínodo dos bispos deste ano, em outubro, cujo tema lhes diz muito: "Os jovens, a fé e o discernimento vocacional".

Na verdade, apenas Joana Serôdio representa os jovens católicos portugueses neste encontro, uma vez que foi escolhida pela Conferência Episcopal Portuguesa. É natural de Coimbra, tem 30 anos, e é mestre em Bioquímica. Desde pequena que os caminhos da fé se cruzaram no seu, a partir do momento em que estudou num colégio católico, tal como contou ao DN no intervalo da reunião em que participava ontem, em Fátima.

Foi escolhida em nome da Comissão Episcopal do Laicado e Família e do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, cuja equipa integra desde novembro, a convite do padre Filipe Diniz. E foi nessa altura que soube ser uma feliz contemplada com presença em Roma. "Aceitei o desafio com muita alegria e muita responsabilidade. Não vou só como jovem, como a Joana, mas com esta responsabilidade de levar todos os jovens portugueses, por isso é este misto de muito entusiasmo, alegria e responsabilidade, não só pelo que vou fazer mas que de lá vou trazer e espero depois partilhar." A esta hora Joana estará a voar para Roma, onde espera dar o seu melhor contributo na reflexão sobre as questões lançadas pelo Papa, nesse papel dos jovens protagonistas que Francisco tanto incentiva. "É importante não só dar o lado bonito da questão, mas também expor as dificuldades. Espero trazer muitas ferramentas que nos ajudem na Pastoral Juvenil nacional, nos secretariados e movimentos, a criar outras ferramentas para trabalhar a nível diocesano e paroquial."

Palavra de escuteiro

O médico Rui Teixeira, 30 anos, é outro dos escolhidos. Vai em nome da Conferência Internacional Católica do Escutismo, em que representa o Corpo Nacional de Escutas. Dirigente há cinco anos, anda sempre numa roda-viva entre Setúbal e Lisboa, entre a formação de jovens escuteiros e a missão de salvar vidas no Hospital de Santa Maria e na Faculdade de Medicina.

Rui soube da decisão em dezembro. "Primeiro nem acreditei muito bem. Estávamos numa reunião em Roma, curiosamente, e uma escuteira da República Checa falou na possibilidade de os escuteiros terem assento nesta reunião. Quando percebi que seria eu... senti esse peso da responsabilidade", disse ao DN, ele que leva na mala toda a expectativa em relação ao que vai encontrar. "Não sei de onde virão os vários jovens, mas quero sobretudo ouvi-los, escutar as diferentes realidades e sensibilidades. Será bom ter alguma voz em nome do movimento escutista, que ao longo dos mais de 100 anos tem educado jovens por todo o mundo."

Rui é escuteiro desde os 6 anos. Natural da Suíça, começou na Associação de Escuteiros de Portugal - que não tem uma identidade católica, mas em que há grupos católicos. Depois saiu, e voltou aos 10, então para Corpo Nacional de Escutas, concretamente no agrupamento 1118, de Palmela, onde fez todo o seu percurso. Dirigente desde 2013, tem feito um trabalho pedagógico com Lobitos (dos 6 aos 10 anos) e com os Exploradores (dos 10 aos 14).

O pluralismo da Igreja

O mais jovem dos três portugueses é Tomás Virtuoso, 24 anos, que vai em representação do Secretariado Internacional das Equipas de Jovens de Nossa Senhora, um movimento internacional que tem em Portugal a sua maior expressão. "Neste momento somos o país que tem mais pessoas, mais dinâmica e um grande trabalho", contou ao DN o jovem economista.

Leva também esse "grande peso da responsabilidade de representar jovens do mundo inteiro e de diferentes culturas. Será por isso um grande privilégio por poder fazer parte deste momento da história da Igreja". Tomás espera encontrar "muito pluralismo nas diversas questões, mais na forma do que no conteúdo, porque a Igreja é muito diversa, abarca o mundo inteiro, e andamos todos atrás da mesma coisa, apesar de o fazermos de formas diferentes".
Natural de São Pedro do Estoril, grande parte do seu trabalho faz-se na paróquia de Carcavelos.

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