IPO de Lisboa ganha certificação europeia por cuidados paliativos
Recebe-nos deitada, como agora está quase sempre, porque não consegue erguer-se nem deslocar-se sem ajuda. Mas já tomou banho de manhã, como faz todos os dias, e mais daqui a pouco há de levantar-se, para almoçar à mesa com o marido, tem uma cadeira de rodas para estes pequenos trajetos em casa. Desde junho, com as dores na perna a apertar, Fátima Campos ficou mais limitada, mas, como diz a sorrir a enfermeira Sofia Lupi, da Unidade de Assistência Domiciliária do IPO de Lisboa, que hoje veio vê-la e prestar-lhe cuidados, "é um dia de cada vez".
Fátima concorda, sorri também. Há um ano, desde que ficou doente - tem um cancro ósseo na bacia, e este já é o terceiro tumor maligno nos últimos 10 anos -, que recebe regularmente as visitas dos profissionais desta unidade do IPO, que inclui médicos, enfermeiros e assistente social, e presta cuidados paliativos no domicílio a doentes que não podem ir ao hospital.
"É um serviço 10 estrelas, estão sempre disponíveis, e se estiver aflita com dores, chamo-os e eles vêm se for necessário", diz Fátima. "Não são só os tratamentos", sublinha. "Quando vêm, é uma luz que entra em casa. Elas procuram transmitir--nos confiança e sentimo-nos com mais força", afirma Fátima, que transmite essa força na forma como fala da doença e da sua vida: de África, onde nasceu, dos alunos que ainda hoje a convidam para almoçar - foi professora primária oito anos em Angola e depois mais 30 em Mem Martins, Sintra - e da pintura. Dos quadros que pinta desde os 15 anos, com paisagens quentes e pessoas, cujas reproduções mostra num portfólio muito bem organizado. Tem exposto em juntas de freguesia e até já vendeu algumas obras, mas agora, diz, está "de férias". E a conversa podia continuar.
Este serviço domiciliário, que é uma luz para Fátima e que segue nesta altura 10 a 15 doentes na cidade, é apenas um dos braços dos cuidados paliativos do IPO de Lisboa. Esses são ali prestados também de forma integrada no serviço de Oncologia Médica, cujos profissionais, médicos, enfermeiras e assistente social, têm formação específica nesta área, além da sua especialização oncológica. Além disso, há ainda no IPO de Lisboa, desde o início de 2009, uma equipa intra-hospitalar de cuidados paliativos que inclui os mesmos profissionais e ainda uma psicóloga e é coordenada pela médica Madalena Feio , que também tem a ser cargo a unidade de serviço ao domicílio. Um programa específico de cuidados paliativos na pediatria é outra valência, esta coordenada pela médica Ana Lacerda. Foi todo este trabalho que valeu agora ao IPO de Lisboa a certificação como Centro Integrado de Oncologia e Cuidados Paliativos, que é atribuída pela ESMO, a Sociedade Europeia de Oncologia Médica.
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