Investir ou demolir? Viseu promete decisão sobre o parque aquático do Almargem
O presidente da Câmara Municipal de Viseu anunciou esta quinta-feira que no próximo ano haverá uma decisão sobre o parque aquático da praia fluvial do Almargem, cujas obras estão paradas há vários anos. E há duas hipóteses em cima da mesa: serão concluídas ou o que lá existe será demolido.
"O advogado diz-nos que há uma convicção de que os problemas existentes poderão estar solucionados em 2024, se não mesmo ainda este ano. Estão apenas pendentes de algumas questões judiciais em curso e da forma como elas decorrerem", assumiu o autarca Fernando Ruas, referindo-se ao advogado dos promotores do parque aquático, cujo projeto está parado há anos e o edificado já construído estava, em fevereiro de 2022, "a definhar", naquilo que o presidente da câmara considerava "uma agressão nítida ao ambiente".
"Aquilo tem de ter solução. Se tem solução pela via do equipamento é aquilo que mais queremos, se não que o desmantelem", afirmou Fernando Ruas em 2022, garantindo que a autarquia estava "disponível para salvar o equipamento".
Esta quinta-feira, o presidente assumiu que a Câmara de Viseu declarou "caducidade, mas com a condição de que esta caducidade fica em aberto e, se se vier a verificar a continuidade da obra, haverá uma licença especial para obras inacabadas". "Não abdicamos da caducidade, por uma questão de precaução. Também não temos razões para duvidar do que o advogado veio dizer, mas a Câmara já deixou isto bem claro: ou uma coisa ou a outra", assumiu.
Desta forma, se o projeto não tiver continuidade até ao próximo ano, "terá uma sequência normal que a legislação há de ditar: ou a demolição ou o desmantelamento ou qualquer outra coisa". "Eu acompanhei aquilo no início e era um equipamento muito desejado", afirmou Fernando Ruas em 2022, tendo agora reafirmado que "gostaria muito de ver aquele projeto acabado", mas para já a Câmara de Viseu vai "aguardar, apesar de se manter vigilante".
Em fevereiro de 2014, o então presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, anunciou que iriam ser investidos cerca de 16 milhões de euros no âmbito de um projeto turístico que incluía um parque aquático inovador na Península Ibérica. "O concurso público está neste momento a ser lançado. É um projeto que tem de estar concluído até setembro do próximo ano, porque a isso obrigam os fundos comunitários", que correspondiam na altura a 10 milhões de euros, de acordo com Almeida Henriques.
Numa primeira fase, o projeto teria um edifício de apoio com saunas, restaurante, bowling e outras modalidades e um parque aquático temático coberto, que funcionaria todo o ano. Para uma segunda fase, estava prevista uma rota dos moinhos ao longo do rio, um parque de campismo e um parque aventura.
Em 2022, Fernando Ruas lembrou que, além do parque aquático e do parque de campismo, também chegou a estar prevista uma unidade hoteleira. Dez anos antes, em declarações à agência Lusa, o empresário Manuel Cruz apontou a falta de crédito bancário para que o complexo turístico, orçado em mais de 26 milhões de euros, não tenha arrancado e tenha visto o Governo rescindir o contrato de apoio. "Perante a impossibilidade de materializar o projeto, decidimos refazê-lo, com menores custos, retirando o hotel do complexo, deixando apenas o parque aquático", justificou, na altura, o empresário. Ao retirar a unidade hoteleira, o novo projeto fez os custos totais baixarem para os 16,5 milhões de euros.
Refira-se que esta parque aquático deveria ter sido inaugurado em 2015, mas os problemas de financiamento e as irregularidades no processo de construção têm adiado consecutivamente uma solução, restando agora as ruínas daquilo que nunca foi concluído.